O economista Heron do Carmo, professor sênior da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, está preocupado com a inflação e não descarta a possibilidade de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre este ano acima de 5%. “Acho que nós vamos começar o ano em uma situação pior em termos de inflação”, alerta Heron, um dos maiores especialistas do País sobre o tema. Leia a seguir os principais trechos da entrevista que ele concedeu ao jornal O Estado de S. Paulo.
– Como é que o senhor está vendo o desempenho da inflação neste momento? “Devido a uma série de fatores, como por exemplo a questão climática, além do fato de a inflação no final do ano passado ter sido muito baixa para o padrão – tivemos um único mês com uma inflação um pouco mais elevada, que foi em dezembro do ano passado, superando 0,5% –, tudo indica que nós teremos um resultado de superação do teto da meta este ano (4,5%).”
– Vai passar de 4,5%? Vai passar de 4,5%. Provavelmente, já no próximo mês tem condição de passar de 4,5%.
– Qual é a sua projeção? “A minha projeção depende de uma série de fatores. Principalmente em dezembro, pode ter alguns fatores que aliviem um pouco relativamente em relação ao ano passado. Mas acho que o mais provável é que a inflação fique na faixa de 4,7%, 4,8%, podendo até chegar a 5% este ano.”
– Por quê? “Porque tem uma pressão de preço de alimentos. Tem a questão da energia elétrica que talvez continue com a bandeira 2, vermelha. Então, a minha expectativa é de que nós tenhamos uma inflação significativamente acima do teto da meta. O que poderia aliviar é essa questão do combustível, o petróleo andou com preço menor. Mas agora, com essa tensão no Oriente Médio, também até isso pode piorar. O mais provável é que nós tenhamos uma inflação entre o teto e 5%. E não está descartada a possibilidade de passar do 5%.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.