Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de abril de 2021
O Ministério do Interior da Alemanha anunciou que o serviço de inteligência interna do país começará a monitorar pessoas que participam de protestos anticonfinamento, para decidir se a rejeição deles às restrições impostas pelo governo para conter a pandemia pode ser considerada incitação à violência.
A vigilância inclui membros do chamado Querdenker (Pensadores Laterais), que vem organizando manifestações cada vez mais violentas contra as medidas anti-Covid-19. Em seu rol de membros existem teóricos da conspiração e extremistas direita, de acordo com a porta-voz do Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV, na sigla em alemão), Angela Pley.
Para que os agentes de inteligência possam rastrear essas pessoas, o BfV criou uma categoria nova, uma vez que o Querdenker não se encaixa inteiramente nas classificações que já existiam sobre extremismo de direita, esquerda ou islamista. A nova categoria inclui grupos suspeitos de serem “antidemocráticos e/ou deslegitimadores do Estado a ponto de colocar a segurança em risco”.
O movimento contrário às restrições sanitárias começou com pequenas ações no ano passado em Stuttgart, no Sul do país, mas cresceu em alcance e acabou atraindo aos protestos alemães de várias tendências que estavam frustrados com o fechamento do comércio, a proibição de reuniões e outras medidas.
Nos protestos, é possível ver membros do Querdenker e céticos das vacinas marchando ao lado de neonazistas e membros do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Além deles, Pley afirmou que membros do movimento de extrema direita Reichsbuerger (Cidadãos do Reich, em português), que nega a existência do Estado contemporâneo alemão, assim como grupos antissemitas participaram dos atos.
As medidas contra a pandemia foram reforçadas em março deste ano e em abril, quando o país foi atingido por uma terceira onda de contaminações. No último domingo (25), o ministro das Finanças, Olaf Scholz, afirmou que não haverá alívio na quarentena antes do fim de maio.
Autoridades temem que os extremistas de direita e teóricos da conspiração estejam explorando o incômodo gerado pelo confinamento para incitar o ódio contra políticos e instituições públicas a cinco meses das eleições gerais no país, marcadas para 26 de setembro.
“Protestos legítimos contra as políticas da pandemia estão sendo cada vez mais explorados para provocar uma escalada de raiva. Os organizadores das manifestações, lideradas principalmente por protagonistas do movimento Querdenker, têm uma agenda que vai além do protesto contra as medidas do Estado contra o coronavírus”, disse Pley.
Outro temor dos investigadores é que os extremistas de direita possam tentar aumentar o ódio contra instituições estatais, como a polícia, depois que o Parlamento deu poderes temporários, neste mês, ao governo da chanceler Angela Merkel para impor quarentenas em áreas com altas taxas de infecção.
A agência de investigação da Polícia Federal da Alemanha afirmou ao Parlamento que o nome de políticos que votaram a favor da emenda estariam em um documento on-line intitulado “Lista de morte de políticos alemães”. A agência disse, no entanto, que eles não corriam perigo iminente.
“Todo o movimento sofreu uma radicalização maciça nas últimas semanas, que pode ser vista em ataques contra policiais”, disse o ministro do Interior do Estado da Turíngia, Georg Maier.