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A internação de Lula durante uma semana, para cirurgia de emergência, colocou ainda mais peso na escolha do sucessor de Gleisi Hoffmann na chefia do PT

Quem reuniria as melhores condições de ocupar o cargo nesse cenário é o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A internação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma cirurgia de emergência e as dúvidas sobre seu estado de saúde colocaram ainda mais peso na escolha do sucessor de Gleisi Hoffmann no comando do PT. Com a possibilidade de Lula ficar cada vez mais afastado da política, o novo dirigente nacional do partido terá de ser alguém de sua extrema confiança. O principal desafio será conduzir o processo eleitoral de 2026, que conta com uma incerteza: Lula será candidato à reeleição ou abrirá caminho para um substituto, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad?

Na avaliação de interlocutores do chefe do Palácio do Planalto ouvidos pela Coluna do Estadão, quem reuniria as melhores condições de ocupar o cargo nesse cenário é o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, já apontado como o favorito do petista. O argumento é de que o presidente da República tem uma relação mais próxima com o prefeito, e quem bate o martelo é ele.

Embora tenha sido criticado por não conseguir eleger a sucessora em Araraquara nas eleições municipais de outubro, Edinho mantém em alta seu capital político junto ao núcleo duro de Lula. Ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social no governo Dilma Rousseff, ele tem defendido que a sigla precisa recuperar sua conexão com os trabalhadores.

Edinho evita comentários. E, em público, todos ressaltam que qualquer discussão sobre o tema só será retomada quando o presidente Lula tiver alta. Nos bastidores, entretanto, a sucessão no PT pega fogo. A própria Gleisi prefere um nome alternativo, como o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE). O consenso entre os distintos grupos petistas é que a disputa ganhou dimensão “do tamanho do oceano”.

Aliados do presidente Lula avaliaram um trecho do discurso feito por ele no encerramento do seminário do PT, no dia 6 de dezembro, como uma demonstração de descontentamento com a proliferação de cotados para disputar a presidência do partido. O mandato de Gleisi Hoffmann como presidente da legenda termina no meio do ano que vem. A fala de Lula no evento foi por meio de videoconferência.

No dia 7 de dezembro, o PT definiu que a eleição para escolher seu próximo presidente será em 6 de julho de 2025. Apesar disso, já há ao menos quatro nomes circulando como possíveis candidatos:

– Edinho Silva – prefeito de Araraquara e favorito de Lula para o cargo;

– José Guimarães – líder do governo na Câmara e do grupo político mais próximo de Gleisi Hoffmann;

– Paulo Okamotto – presidente da Fundação Perseu Abramo e amigo de Lula há décadas;

– Rui Falcão – ex-presidente do partido e representante de alas petistas mais à esquerda.

A disputa pelo comando do partido entre os grupos internos – mais conhecidos como “correntes” ou “tendências” – é tradicional desde a fundação do PT. O mais comum é a sigla ser presidida por um integrante da Construindo um Novo Brasil, corrente majoritária organizada em torno de Lula, ou no mínimo por um nome apoiado pela CNB.

“Eu espero que a gente não diminua o trabalho do PT pensando que o que vai resolver o problema do PT é a escolha de um presidente”, declarou Lula em seu discurso. “Se você, ao invés de colocar o melhor dirigente, colocar o representante de uma tendência, ele não consegue falar com um vereador de uma cidade”, disse o presidente da República.

Lula também afirmou que o partido está com “um problema sério” de formação de quadros. “O dado concreto é que nós desaprendemos a fazer isso porque o jeito de fazer política ficou mais institucionalizado”, disse ele.

Gleisi inicialmente ficaria na presidência do PT até 2023, mas o Diretório Nacional do partido prorrogou o mandato até o meio de 2025. A prorrogação foi uma forma de minimizar as disputas partidárias nos primeiros meses do governo Lula. Quem assumir o comando do partido depois de Gleisi terá mandato até 2029 e papel central na campanha de 2026, quando Lula deverá tentar a reeleição. É comum presidentes do PT se tornarem também coordenadores das campanhas presidenciais do partido. (Estadão Conteúdo)

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