Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de janeiro de 2019
No dia anterior ao próximo ato organizado pela oposição, nesta quarta-feira (30), a internet voltou a ter seu sinal intermitente durante o dia.
Os venezuelanos já estão acostumados com isso: como o governo controla as telecomunicações, as vésperas e o dia de uma convocatória antigoverno é marcado por lentidão nas comunicações via rede e derrubada de páginas.
“Aqui, na nossa Redação, temos de lidar com queda da internet e da página com frequência, por isso temos também um endereço fora do país para ativa-la desde fora”, contou à Folha de S.Paulo a chefe de Redação do site Efecto Cocuyo, Josefina Ruggero.
Para convocar o ato de amanhã, o líder da oposição, Juan Guaidó, considerado pela Assembleia Nacional como presidente encarregado por vazio de poder, usou as redes sociais.
O ato será uma “vigília” de duas horas, do meio-dia às 14h (hora de Caracas). Em entrevista a jornalistas, Guaidó se disse preocupado com atos muito grandiosos que podem gerar violência.
“Não podemos deixar as ruas, temos que mostrar ao mundo que somos muitos os que querem mudança, mas também temos que ser pacíficos e cautelosos. As mortes da semana passada são inaceitáveis e não ficarão impunes”, disse, referindo-se aos 35 assassinatos em enfrentamentos de manifestantes com forças de segurança.
Guaidó também afirmou que uma preocupação da Assembleia Nacional é impedir que os chavistas “raspem a panela”, antes de ir, daí o pedido de ajuda internacional para que se congele ativos de funcionários do governo fora do país e se avalie a sua procedência. “Se for dinheiro de corrupção ou de estelionato ao povo venezuelano, tem de ser devolvido.”
Guaidó afirmou, ainda, que nomeará novos funcionários para ocupar os cargos de direção da petrolífera PDVSA, algo que o governo disse que será ignorado.
Caracas segue vivendo dias de anormalidade. Apesar de serem dias úteis, o comércio funciona em horários limitados. À noite, há pouca gente caminhando, e muitos restaurantes e bares estão fechados. Motos com oficiais da Guarda Nacional Bolivariana com escopetas em punho fazem a ronda pelos bairros do Leste.
Em Baruta, de classe média, houve dois apagões em três dias e falta internet. Há várias estações de metrô fechadas, obrigando os pedestres a caminharem até as próximas.