Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Pedro Zanetello | 14 de dezembro de 2019
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A “Pessoa do Ano” (“Person of the Year”) é uma edição anual da revista americana Time que destaca o perfil de um homem, mulher, casal, grupo, ideia, lugar ou máquina que, “para o bem ou para o mal, mais influenciou eventos no ano”. O destaque deste ano de 2019, segundo a revista, foi Greta Thunberg, a ativista ambiental mirim sueca de 16 anos de idade.
Thunberg começou um movimento global faltando à escola: iniciando em agosto de 2018, ela passou seus dias acampada em frente ao Parlamento sueco, segurando uma placa que dizia “greve escolar pelo clima”. Coincidentemente, o início da greve correspondeu ao mesmo dia de lançamento de um livro sobre mudanças climáticas escrito pela sua mãe, uma famosa cantora de ópera da Suécia.
Em seu discurso na Assembleia da ONU, Greta exigiu que diversos países reduzissem drasticamente suas emissões de carbono, que, segundo ela, estariam violando um acordo da Convenção Sobre os Direitos da Criança – afetando negativamente sua qualidade de vida e impactando negativamente gerações futuras. No entanto, a adolescente ignora o fato de que muitos países pobres ou em desenvolvimento necessitam da produção de energia e de atividades emissoras de carbono para sobreviverem e melhorarem economicamente de vida – diferentemente de países ricos, que já conseguem pensar em ações alternativas.
Ainda há muitas dúvidas no que diz respeito a efeitos práticos em mudanças climáticas, inclusive e especialmente dividindo opiniões de cientistas ao redor do mundo. Mas talvez Greta Thunberg seja um ser humano dotado de conhecimentos mais avançados. É no mínimo revoltante ver que uma personagem de 16 anos de idade, criada e utilizada por adultos interessados ideologicamente no assunto e com poder econômico relevante, possa querer determinar como indivíduos de países menos desenvolvidos devem abrir mão de sua evolução pessoal de vida em prol de uma duvidosa perspectiva coletivista futura. Talvez seja mais fácil para quem está no alto de seus privilégios, velejando ou não precisando frequentar a escola, em um país de primeiro mundo.
Pedro Zanetello, empresário e associado do Instituto de Estudos Empresariais
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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