Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de julho de 2020
A Justiça do Distrito Federal permitiu a exumação do corpo do ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, que comandou o país vizinho entre 1954 e 1989. Ele morreu exilado em Brasília, aos 93 anos, em 2006, e foi enterrado em um cemitério da capital.
A decisão foi tomada em um processo movido por um homem que alega ser filho do ex-ditador. O objetivo da medida é colher material genético para realizar um exame de DNA. O processo corre em segredo de Justiça.
A decisão determina que a empresa Campo da Esperança, que administra os cemitérios da capital, informe a localização exata do túmulo de Alfredo Stroessner. Também pede à Polícia Civil que diga como tem ocorrido o processo de exumação em meio à pandemia do novo coronavírus. A empresa Campo da Esperança informou que ainda não havia sido oficiada da determinação.
Segundo a decisão, a medida teve a aprovação da única herdeira viva do ex-ditador, que tem 74 anos e mora no Paraguai. Os custos devem ser pagos pelo autor da ação.
Ditadura no Paraguai
Stroessner assumiu o poder em um golpe militar em 1954 e ficou no cargo por 35 anos, quando um aliado dele o removeu. Durante seu regime, houve opressão a grupos de oposição.
Em 1992, cerca de 700 mil documentos das forças de segurança foram tornados públicos. Eles mostravam que o regime rotineiramente perseguia, sequestrava e torturava.
Stroessner foi acusado de mandar matar 423 opositores do regime ditatorial e torturar quase 19 mil pessoas. Também foi acusado de casos de pedofilia, durante os 35 anos que ficou no poder.
No ano passado, foram encontrados ossos de três pessoas em uma casa que pertencia ao ex-ditador em Ciudad Del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu. Segundo as investigações, as ossadas humanas podem ser de vítimas da ditadura paraguaia.
O general tinha uma forte relação com o Brasil. Foi no governo dele que o país fechou o acordo para a construção da Usina de Itaipu. Stroessner também estava no comando do Paraguai quando foi negociada e inaugurada a Ponte Internacional da Amizade.
Em 2019, foi elogiado pelo presidente Jair Bolsonaro ao empossar o diretor-geral da usina Itaipu-Binacional, em Foz do Iguaçu, na tríplice divisa com Argentina e Paraguai. As informações são do portal de notícias G1 e da revista Consultor Jurídico.