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A Justiça dos Estados Unidos libertou o menino brasileiro separado da mãe na fronteira com o México

Sirley e Diego tiveram um reencontro emocionado. (Foto: Reprodução)

Após 44 dias, nessa quinta-feira a Justiça norte-americana decidiu que o menino brasileiro Diego, 10 anos, levado no fim de maio a um abrigo para crianças imigrantes em Chicago (EUA), fosse finalmente liberado e entregue à mãe, Sirley Paixão, 30 anos. Os dois viveram um reencontro emocionado.

Essa foi mais uma história amplamente veiculada nos Estados Unidos sobre o sofrimento provocado pela “política de tolerância-zero” do presidente Donald Trump em relação aos imigrantes sem documentos – os pais são processados criminalmente e os filhos enviados sozinhos a centros de acolhimento para menores de idade.

Enquanto isso, no entanto, a angústia permanece para outras 3 mil crianças que continuam sob a tutela das autoridades e afastadas de seus responsáveis, embora o governo enfrente muita pressão para cumprir, em uma corrida contra o tempo, os prazos impostos judicialmente para reunir todas essas famílias em 20 dias.

Sirley, originária de Sobrália (MG), disse que estava muito feliz em finalmente ter o filho de volta. Enquanto aguardava pela chegada de Diego, ela estava nervosa, batia as pernas uma contra a outra. “O coração quase saía pela boca”, comentou a um repórter.

“Agora, eu vou poder ter a minha vida com ele tranquila”, desabafou a brasileira em um vídeo registrado após o reencontro, quando já se encaminhava para o aeroporto de Chicago, de onde seguiria para Massachusetts.

Também nessa quinta-feira, o secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Alex Azar, disse que, dentre as quase 3 mil crianças separadas dos seus pais, cerca de cem têm menos de 5 anos.

Entenda o caso

Uma destas famílias era composta por Sirley e Diego, que chegaram à fronteira do México com os Estados Unidos no dia 22 de maio, em busca de asilo, mas acabaram separados pelas autoridades migratórias.

Liberada da detenção no último dia 13, a mãe foi para Massachusetts (Estado onde se concentra a segunda maior comunidade brasileira no país), mas o filho ficou em um centro de acolhimento para menores em Chicago, no Estado de Illinois. A cidade e seus arredores são o principal destino das crianças brasileiras nesse tipo de situação.

Pelo Twitter, um dos advogados voluntários da brasileira, Jesse Bless, comemorou a decisão do Tribunal Distrital de Chicago: “Esperançosamente, isso ajudará todas as mães e pais a se reunirem aos seus filhos. Vamos terminar esta crise e avançar à cura”.

Ele também havia defendido a mineira Lidia Karina Souza e seu filho Diogo, 9 anos, foram reunidos na semana passada depois de quase um mês longe um do outro. Eles também entraram no território norte-americano pela fronteira Sul.

Em três dias, vencerá o primeiro prazo imposto pelo próprio governo Trump para que as famílias indocumentadas sejam reunidas. Por ordem do juiz federal Dana Sabraw, de San Diego, também está previsto que os menores de 5 anos devem ser reunidas com pelo menos um dos pais até terça-feira, quando completam-se duas semanas desde que a sentença foi proferida.

Além disso, o magistrado determinou que todas as crianças apreendidas devem ter permissão para pelo menos conversar com os seus pais até esta sexta-feira. Em sua sentença, o juiz declarara que o governo federal deveria “enfrentar as caóticas circunstâncias que criou”.

A decisão veio a partir de uma ação que pedia a reunião de famílias, movida contra a ICE (Agência de Alfândega e Imigração) pela ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis), em nome de duas imigrantes anônimas, uma do Brasil e outra do Congo (África).

Conforme o secretário Alex Azar, o prazo para a reunificação será cumprido, não sem uma série de obstáculos “impostos por um sistema migratório quebrado e ordens judiciais”. Ele acrescentou, entretanto, que as datas impostas exigirão um “processo de verificação truncado”.

Ainda segundo ele, “o governo provavelmente buscará mais tempo para garantir que possamos fazer o trabalho que acreditamos ser necessário para proteger as crianças sob nossos cuidados”.

DNA

Autoridades têm realizado testes de DNA para confirmar os laços entre pais e filhos – uma vez separadas dos familiares, os menores de idade são classificados como desacompanhados, embora tenham não tenham chegado ao território americano sozinhos.

Os ministros brasileiro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha, visitaram nessa quinta-feira dois abrigos em Chicago que acolhem menores separados de seus pais ou responsáveis. A dupla conversou com cada uma das crianças e frisou “o empenho do governo brasileiro em assegurar a reunião familiar o mais cedo possível”.

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