Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de abril de 2019
Até o fim da próxima semana, a Avianca Brasil deverá ter sua frota reduzida das atuais 26 aeronaves para 5. Nos últimos dias, a empresa já perdeu dez aviões após as arrendadoras dos jatos vencerem um embate judicial aberto por causa da inadimplência da companhia aérea. A situação da Avianca preocupa a Latam, que se comprometeu a ficar com parte dos ativos da concorrente endividada em um leilão marcado para 7 de maio. A apreensão decorre do risco de a Avianca não conseguir chegar à data operando.
“Queremos que ela [Avianca] esteja operando quando o leilão ocorrer, mas vejo um risco, sim (de isso não acontecer)”, disse Jerome Cadier, presidente da Latam. No leilão, o certificado de operação da Avianca será transferido para as sete UPIs (Unidades Produtivas Independentes), que serão criadas com os ativos da companhia – basicamente as autorizações de pouso e decolagem (slots) nos aeroportos. Se a empresa não estiver operando, a transmissão desses certificados é inviabilizada.
Das UPIs que serão criadas, uma terá o programa de fidelidade da Avianca e o restante, entre 8 e 25 slots. Todas essas unidades já têm voos atingidos pelos cancelamentos feitos por causa da perda de aeronaves. Não se sabe, no entanto, qual o número mínimo de aviões que a Avianca precisa ter para manter a operação de cada UPI. Caso a Avianca consiga sobreviver nas próximas semanas, precisará de nova injeção de capital para operar até a conclusão das vendas das UPIs, o que não acontecerá antes do início de junho. Serão necessários, no mínimo, 30 dias para a análise do negócio pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Segundo fonte próxima à Avianca, para funcionar, a companhia gasta entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões por dia. “A operação da empresa consome muito caixa. Desde que ela entrou em recuperação judicial [em dezembro], menos pessoas estão comprando passagem deles, o que piora a situação. Vão sair outros aviões [da frota da Avianca] nos próximos dias e ficará ainda mais complicado”, afirmou Cadier. “Qualquer prorrogação que se dá [no processo de recuperação judicial] é um risco a mais para o negócio [por causa da necessidade de mais dinheiro]. Temos uma pressa tremenda.”
A Latam e a Gol já colocaram, cada uma, US$ 13 milhões (R$ 51 milhões) na Avianca. Como a Latam, a Gol também se comprometeu a ficar com pelo menos uma das UPIs. Cadier afirma que a Latam poderá fazer o aporte extra na empresa em recuperação, mas não disse qual valor seria necessário. “Existe dúvida em relação a como a Avianca estará operando até o leilão”, disse.