Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2021
A empresa sul-coreana LG anunciou que vai encerrar suas operações no mercado de celulares no mundo todo. A companhia afirmou que a divisão deve ser desfeita até o dia 31 de julho.
A LG afirmou que a “decisão estratégica de sair do incrivelmente competitivo mercado de celulares vai permitir focar recursos em outras áreas”.
A empresa afirmou que irá oferecer “suporte e atualizações de software para os consumidores por um período de tempo que irá variar de acordo com a região”, sem dar detalhes sobre nenhum país.
Sobre a situação no Brasil, a empresa disse que “permanece com as políticas de garantia deste produto [smartphones], nos termos de cada um dos países comercializados”.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC), as marcas precisam respeitar a garantia legal de, no mínimo, 90 dias para produtos duráveis (como celulares).
Esse prazo é somado à garantia contratual, quando a fabricante ou fornecedor pode acrescentar mais tempo de cobertura, geralmente chegando a um ano.
O Procon-SP afirmou que notificou a LG para esclarecer a saída e indicar os planos de atendimento ao consumidor.
A companhia disse que pretende encerrar sua divisão de celulares até 31 de julho, mas um “inventário de modelos pode ficar disponível depois disso”.
A LG tinha uma fatia de apenas 2% do mercado de smartphones ao redor do mundo em 2020, segundo a empresa de análise Counterpoint Research.
A empresa acumulou prejuízos consecutivos nessa área desde o segundo semestre de 2015. Somente em 2020, a companhia anunciou prejuízo de US$ 750,6 milhões na divisão. Em 2019, as perdas foram de US$ 858,3 milhões, enquanto no ano anterior foram US$ 700,6 milhões no negativo.
O prejuízo acumulado até o final de 2020 foi de aproximadamente US$ 4,1 bilhões.
Em comunicado, a LG disse que o mercado de celulares é “incrivelmente competitivo”. A fabricante perdeu participação na área nos últimos anos, principalmente após a chegada de concorrentes chinesas como a Xiaomi e a consolidação de outra sul-coreana: a Samsung.
A LG é a 9ª colocada no ranking mundial de vendas de celulares, atrás de marcas como Samsung, Apple, Huawei, Xiaomi e Oppo, segundo a Counterpoint Research.
A LG possui duas fábricas no Brasil, uma em Taubaté (SP) e outra em Manaus (AM). Os celulares são fabricados apenas no município paulista. Nessa planta também são produzidos monitores – área que não deve ser afetada pela decisão da empresa.
A unidade paulista possui cerca de 1 mil funcionários – desses, 400 estão alocados na área smartphones.
Segundo a empresa, negociações como sindicato estão em andamento com o objetivo de “implementar compensação adicional aos direitos já vigentes”.
Notebooks e monitores
Após anunciar o fim global da divisão de celulares e com isso o encerramento da produção no setor na fábrica em Taubaté, a LG vai encerrar a produção de notebooks e monitores na cidade do interior paulista. A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos. A empresa não se manifestou.
De acordo com a entidade sindical, em uma reunião com a empresa sul-coreana nesta terça-feira (6) representantes da marca informaram que não têm intenção de seguir com as atividades na cidade. Isso pode ser o fim total da produção industrial da LG, que está na cidade desde 1997 e emprega 1 mil trabalhadores.
De acordo com a entidade, rodadas de negociações nos próximos dias devem tratar de questões como plano médico, PLR e capacitação profissional aos desempregados. Segundo o portal G1, a medida foi anunciada a funcionários na manhã desta terça pelo presidente da planta.
“A LG posicionou que é por conta da questão do ICMS e não ter incentivos no Estado de São Paulo, coisa que encontra em Manaus. Isso teria sido debatido com o governador do estado de São Paulo, que foi intransigente”, disse o presidente da entidade.