A longevidade vai além da contagem de anos, afirma o clínico geral e endocrinologista Fabiano Serfaty, doutor em medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Para ele, uma vida longa tem valor real quando acompanha o conceito de “healthspan”: viver não apenas mais, mas com qualidade. “A longevidade está atrelada à ideia de uma vida que vale ser vivida, com propósito e conexões verdadeiras”, diz o especialista, que alia conhecimento médico a um olhar abrangente sobre saúde física, emocional e espiritual.
Defensor do jejum intermitente e crítico do consumo excessivo de açúcar, Serfaty também destaca a importância de vida em comunidade e espiritualidade para alcançar uma vida plena. Em seu e-book “Segredos para Chegar aos 100 Anos Saudável e Feliz”, o médico compartilha práticas e conhecimentos para quem deseja traçar uma jornada saudável e longeva. Segundo Serfaty, “as escolhas que fazemos hoje influenciam diretamente a saúde no futuro”.
Epigenética
Um conceito central na visão de Serfaty é a epigenética, que, segundo ele, revela que nossa saúde não é definida apenas pela genética, mas principalmente por nossas escolhas de vida e pelo ambiente em que vivemos. “Enquanto nosso DNA é como um projeto arquitetônico, a epigenética age como ‘interruptores’ que ligam ou desligam certos genes, permitindo que o estilo de vida, a alimentação, o nível de estresse e até as emoções influenciem diretamente a expressão dos nossos genes”, explica. Dessa forma, a longevidade está, em grande medida, nas próprias mãos de cada um. Serfaty compara o processo a um exercício de livre-arbítrio: “O poder da longevidade está nas escolhas que fazemos”.
Redução do Estresse
Para ativar genes que favorecem uma vida longa e saudável, o médico recomenda uma série de práticas, incluindo uma dieta balanceada, evitando excessos de carboidratos e gorduras trans e garantindo a ingestão adequada de proteínas, fibras e gorduras boas. A prática de jejum intermitente, segundo Serfaty, estimula a autofagia, um processo celular que ajuda a renovar e manter células saudáveis. “A atividade física é um pilar fundamental, com exercícios aeróbicos e de resistência que melhoram a saúde cardiovascular e ajudam na manutenção da massa muscular”, afirma.
Além da alimentação e dos exercícios, ele destaca o papel do controle do estresse. Cada pessoa pode encontrar seu próprio modo de gerenciá-lo, seja com hobbies, atividades ao ar livre, meditação, ou mesmo práticas religiosas, como a oração. A qualidade do sono também é essencial para uma boa saúde e longevidade, pois influencia diretamente processos de recuperação e equilíbrio corporal.
Controle de Peso
Manter um peso saudável é uma das atitudes mais eficazes para promover a longevidade, segundo o endocrinologista. Ele recomenda a relação entre a circunferência da cintura e a altura como uma forma mais precisa do que o IMC para avaliar o risco de problemas de saúde. A abordagem de Serfaty é baseada na moderação e no equilíbrio: “Não se trata de cortar alimentos, mas de aprender a fazer escolhas conscientes e equilibradas. A frequência e o momento do consumo são tão importantes quanto o tipo de alimento”.
Conexões Sociais
Além dos fatores físicos e mentais, Serfaty ressalta a importância das relações sociais para uma vida longa e saudável. “A solidão é comparável ao risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão”, afirma. O Harvard Study of Adult Development, que acompanhou mais de 700 homens por quase 80 anos, mostrou que as conexões sociais têm mais impacto na saúde e felicidade do que fatores como riqueza ou dieta. Serfaty se refere a isso como “musculação social”, que envolve nutrir e valorizar interações significativas, desde uma conversa com um familiar até um cumprimento a um desconhecido.
Para Serfaty, cada interação é um elo que fortalece nossa saúde mental e emocional. “A vida é uma tapeçaria de conexões”, conclui o médico, que acredita que cultivar essas relações é um dos segredos mais valiosos para uma vida longa e plena. (As informações são do Jornal O Globo)