Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 18 de dezembro de 2015
Eu não tenho tanta certeza. Mesmo se houver alguma diferença, seus limites parecem ser tão tênues que podem facilmente ser confundidos. Isso sem falar, claro, que algo pode ser visto como pornográfico ou não, dependendo apenas da época e do lugar em que se vive.
Pela História temos vários exemplos disso. Ao contrário dos artistas gregos e romanos, que consideravam o nu masculino como exemplo da perfeição humana, após o cristianismo o nu das obras de arte passou a ser considerado obsceno e a causar constrangimentos. Antes de serem exibidas para o público, as estátuas tinham seus órgãos genitais tapados, ou o pênis quebrado com um martelinho especial. O Davi, de Michelangelo, antes de ser exibido em Florença (Itália) em 1504, recebeu uma folha de figueira, só retirada em 1912.
Lancei a questão sobre a diferença entre erotismo e pornografia no meu site e vieram as respostas. Se juntarmos as respostas enviadas pelos usuários do site, encontramos as seguintes ideias: erotismo é mais natural, puro, sutil, espontâneo, sugestivo, deixa espaço para fantasias, mexe com a nossa sensibilidade. Pornografia é artificial, impõe, entrega tudo pronto, não deixa espaço para imaginação, é o sexo público e explícito, baixaria, comercialização e banalização do sexo, falta de classe, aberração.
No entanto, houve os que consideraram pornografia e erotismo sinônimos: “Não se fala filme erótico, assim como filme pornô? Qual a diferença? As pessoas têm o mau hábito de associar a palavra pornografia à baixaria. O sexo, o desejo, são coisas lindas. Quem não aprende a gostar disso não sabe viver intensamente!”
E ainda os que percebem a diferença, mas defendem a pornografia: “O erotismo é uma coisa chata, parece com chuchu (aguado, sem graça, e não tem gosto de nada). Gostar de erotismo é não ter coragem de realizar desejos. A pornografia, por sua vez, quando explorada sem profissionalismo, quando se está entre quatro paredes, é simplesmente a materialização do que chamamos de tesão!”
Talvez a diferença entre erotismo e pornografia não seja tão grande quanto parece à primeira vista. Das várias definições ouvidas dos amigos, gostei muito da que diz: “Erotismo é o que eu faço. O que os outros fazem é pornografia.”
Censuras.
Durante séculos o sexo foi considerado abominável. Com muita condescendência foi permitido no casamento, e mesmo assim, só para a procriação. A descoberta da pílula anticoncepcional mudou as mentalidades e as pessoas passaram a desenvolver cada vez mais o prazer sexual.
Entretanto, encontramos ainda muita gente com inibições, censuras e tabus. Quantos desejos e fantasias são reprimidos por fugirem do padrão estabelecido? Quantos homens limitam seu próprio prazer e o de suas namoradas ou esposas? E as mulheres que são censuradas ou censuram qualquer tentativa de escapar da monotonia das regras estabelecidas?
Muitos na nossa cultura gastam um tempo enorme com suas frustrações sexuais. São medos, culpas, fantasias e desejos não realizados que preocupam as pessoas, interferindo, sem que percebam, em todas as outras áreas da vida. Em alguns casos um dos parceiros tenta romper essa barreira moralista, mas não consegue.
Para haver uma relação sexual satisfatória alguns pré-requisitos são básicos: ausência de repressão, considerar o sexo natural, fazendo parte da vida; não ter preconceitos nem ideias estereotipadas a respeito do papel do homem e da mulher e disposição para proporcionar e receber prazer. (Regina Navarro Lins/AD)