Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de janeiro de 2019
A equipe dos Anjos do Asfalto que participa do resgate das vítimas do desastre em Brumadinho (MG) diz que, embora a quantidade de lama seja menor do que a de Mariana (MG), as condições são mais difíceis e perigosas. Muitas das vítimas, talvez a maioria, poderão nunca ser encontradas.
A lama do rejeito do Córrego do Feijão é mais fluida que a de Mariana e impede que as equipes de resgate possam trabalhar nas zonas mais afetadas, o meio do mar de lama, a chamada zona quente. É mais fluida porque a barragem tinha mais água. Isso a torna altamente instável, explica o resgatista Eduardo Pedrosa.
O resgatista Edmar Freitas explica que ela afunda sob o peso das pessoas e as suga completamente. Algumas áreas tem vários pontos com mais de dez metros de profundidade de lama. Só bombeiros com auxílio de helicópteros conseguem ter acesso ao meio do mar de lama.
Pedrosa diz que é elevado o risco de uma segunda barragem estourar, principalmente devido às chuvas. Também pode se romper um bolsão de rejeito no meio do rio.
Os Anjos do Asfalto também destacam o drama dos animais. Há um número imenso de vacas, cães, cavalos e capivaras presos em agonia na lama. Caes já foram resgatados de casas isoladas no meio da lama, sem que tenha sido achado sinal dos donos.
“A situação é muito difícil e extremamente perigosa. Apelamos que as pessoas não se aproximem da lama nem tentem fazer resgates por conta própria”, diz Freitas.
Diagnóstico da tragédia
O Ministério Público do Trabalho (MPT) anunciou neste domingo (27) que realizará um diagnóstico da tragédia em Brumadinho (MG) para apurar as responsabilidades trabalhistas envolvidas no rompimento de barragem de rejeitos de minério da Mina Córrego do Feijão, explorada pela mineradora Vale.
Por meio de nota, o MPT informou que integrará força-tarefa institucional criada na noite de sexta-feira (25). O objetivo é aperfeiçoar as normas de segurança de trabalho e adotar procedimentos para reduzir riscos de novos acidentes de trabalho em área de mineração.
“O MPT vem a público externar a sua mais ampla preocupação com o rompimento da barragem de Brumadinho em Minas Gerais, que ocasionou um dos maiores acidentes de trabalho já registrados no Brasil”, diz o comunicado. A estimativa do MPT é que este seja o mais grave evento de violação às normas de segurança do trabalho na história da mineração no Brasil. Procuradores do Trabalho estão na cidade reunindo informações para subsidiar o andamento das investigações e a responsabilização dos culpados.
A força-tarefa reúne Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF), Advocacia-Geral do Estado (AGE), Defensoria Pública do estado, polícias Civil e Militar de Minas, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.