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A Marinha do Brasil tinha tanques prontos para o golpe, disse seu então comandante

Mensagens obtidas pela Polícia Federal revelam que o Almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, teria aderido ao plano golpista. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Mensagens obtidas pela Polícia Federal revelam que o Almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, teria aderido ao plano golpista articulado durante o governo de Jair Bolsonaro. O contato identificado como “Riva” afirmou em mensagens que “tinham tanques no Arsenal prontos”, indicando uma possível preparação militar para apoiar a tentativa de golpe. Segundo Riva, o almirante era considerado um aliado estratégico, descrito como “PATRIOTA”.

Em resposta, o interlocutor sugere que Bolsonaro, referido como “01”, deveria ter tomado uma atitude mais decisiva com a Marinha, afirmando que, se isso tivesse ocorrido, “o Exército e a Aeronáutica iriam atrás”.

As mensagens reforçam a tese de que havia articulação militar entre setores das Forças Armadas para apoiar ações autoritárias que poderiam culminar em uma ruptura institucional.

O material faz parte das investigações que apontam o planejamento de um golpe de Estado por aliados de Bolsonaro, utilizando narrativas de fraude eleitoral como justificativa para medidas extremas.

A adesão de figuras estratégicas das Forças Armadas, como o Almirante Garnier, sugere que havia suporte logístico e militar para sustentar a ação golpista, caso ela fosse desencadeada. As revelações agravam as acusações contra os envolvidos e levantam novos questionamentos sobre o papel das Forças Armadas no contexto da tentativa de subversão democrática.

Tanques

Nomeado por Bolsonaro, Garnier assumiu o comando da Marinha em 9 de abril de 2021, servindo até o fim do mandato. Em agosto do mesmo ano, Garnier mandou blindados e outros veículos militares do Rio de Janeiro até o Palácio do Planalto a fim de entregar a Bolsonaro um convite para um exercício militar.

O “desfile”, em 10 de agosto, caiu no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados votaria — e derrubaria — a proposta do voto impresso.

Segundo o almirante, a Marinha já tinha definido a data do desfile quando Lira decidiu marcar a votação.

“Foi uma coincidência de datas, que nós não tínhamos como prever”, justificou Garnier. “Então talvez isso é que tenha criado todo um pouco de ruído, né? Porque, no final das contas, a gente, as Forças Armadas são extremamente cumpridoras da lei e da ordem”, afirmou o almirante.

 

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