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Brasil A Marinha já retirou mais de 600 toneladas de óleo do litoral nordestino desde o começo de setembro

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Voluntários têm auxiliado nas operações de limpeza. (Foto: Divulgação/Marinha)

A Marinha do Brasil já recolheu, desde o dia 2 de setembro, mais de 600 toneladas de óleo no litoral da Região Nordeste, em um total de 2.250 quilômetros de área afetada pelo material poluente. A informação foi confirmada nesse domingo pelo GAA (Grupo de Acompanhamento e Avaliação).

Em entrevista coletiva concedida em Recife (PE) durante a tarde, o número divulgado pela Marinha era de 525 toneladas. Ao final do dia, porém, o número foi atualizado. O GAA é formado por representantes da própria Força Armada, mais ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

“O cálculo é muito relativo, porque é um material que é recolhido junto com areia”, afirmou o comandante de Operações Navais da Marinha, Leonardo Puntel, durante a coletiva.

Desde o dia 2 de setembro até este domingo, o Ibama fez o registro de 67 animais com manchas de óleo. “Isso não quer dizer que esses animais morreram. A gente imaginava que isso seria pior, dada a magnitude do fato”, diz o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo.

De acordo com o comandante de Operações Navais da Marinha, almirante Leonardo Puntel, essa é a primeira vez vez que um problema dessa magnitude acontece na costa brasileira, o que leva à primeira execução do Plano de Contingência. “O acidente é totalmente inédito no Brasil. Arrisco a dizer que no mundo ocidental, também”, afirma.

Puntel afirmou também que as investigações a respeito do óleo continuam. “A certeza que temos é de que não é originário do Brasil. Nosso óleo é fino e a densidade desse material é maior. Sabemos que [o derramamento] teve origem no Oceano Atlântico, entre 500 e 600 quilômetros da nossa costa”, afirma.

A Marinha informou que, até o momento, a presença de óleo é registrada apenas em Sergipe, na Praia do Atalaia, em Aracaju, e em Pernambuco, na no entorno do Porto de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, e na Praia do Cupe, em Ipojuca.

Segundo o Ibama, equipes monitoram o avanço das manchas, mas o trabalho é dificultado devido à densidade do óleo e à presença de corais. “Existe uma previsão, mas não é precisa por conta da extensão da nossa costa e dos corais, que retêm parte do material”, afirma o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo.

“Não se consegue achar as manchas com a tecnologia que se tem. Optamos por aguardar as manchas chegarem até a praia para fazermos a retirada”.

A recomendação da Secretaria de Meio Ambiente e da Defesa Civil de Pernambuco é de que o óleo não seja manuseado sem o uso de equipamentos de segurança. “Estamos providenciando a compra de EPIs [equipamentos de proteção individual] e também pedimos reforço ao governo federal”, afirma o secretário de Meio Ambiente, José Bertotti.

Segundo o secretário-executivo de Defesa Civil de Pernambuco, coronel Lamartine Barbosa, também há prefeituras fazendo as reposições de EPIs para serem doados aos voluntários que se disponibilizam a ajudar na retirada do óleo.

Divergências

Durante a entrevista coletiva, Bertotti solicitou ações coordenadas e equipamentos de contenção ao governo federal. “Destaco a necessidade de materiais para que a gente possa fazer a coleta. Não temos previsão do fim disso”, afirmou. Ao final da entrevista, o almirante Puntel afirmou que todas as solicitações serão atendidas pelo governo federal.

Bertotti também cobrou equipamentos como barreiras de contenção ao governo federal, mencionando que espera aumento do apoio após a liminar concedida neste domingo pela Justiça Federal, determinando a execução efetiva do Plano Nacional de Contingência à União e ao Ibama em Pernambuco.

O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, afirmou, no entanto, que as barreiras não têm demonstrado eficácia. “Na maioria dos locais, elas não têm efeito técnico positivo nenhum. É importante que se entenda que a gente quer buscar uma tecnologia diferente, que resolva esse problema. O que resolve o problema é monitorar como a gente está monitorando”, disse.

Desde a quinta-feira, Pernambuco recolheu 71 toneladas de óleo das praias do Estado. Na quinta, a substância chegou a São José da Coroa Grande. Na sexta-feira, o óleo chegou até praias de Tamandaré, como a Praia dos Carneiros, de Sirinhaém e Barreiros. No sábado, praias de Ipojuca, vizinhas a Porto de Galinhas foram atingidas. O óleo já chegou às praias de Suape, Calhetas, Itapuama, Xaréu e à Ilha de Tatuoca, no Cabo de Santo Agostinho.

(Marcello Campos)

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