A noção de que vítimas do tráfico humano tem uma parcela de culpa pelo crime é respaldada pela metade da população do País, como mostra a pesquisa “Percepção da Sociedade Sobre o Tráfico de Mulheres”, realizada pelo Datafolha em parceria com a Associação Mulheres Pela Paz. Essa vítima do tráfico de pessoas, iludiu-se porque buscava uma “vida fácil”, na opinião de 55% dos brasileiros entrevistados.
O cenário, para a população, é real: 96% acreditam que existe tráfico de mulheres no Brasil. Para 82%, o crime acontece em sua própria cidade. Outros 16% declararam conhecer alguma vítima, mesmo que só de “ouvir falar”. “Essa ‘vida fácil’ é um indicativo do quanto as pessoas associam a ideia do tráfico à da prostituição”, diz Cláudia Luna, presidente do Movimento Contra o Tráfico de Pessoas.
A pesquisa, feita em oito capitais do País – Belém (PA), Fortaleza (CE), Natal (RN), Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Florianópolis (SC) –, mostra que a primeira ideia que vem à cabeça dos brasileiros quando se fala em tráfico de mulheres é justamente a da prostituição: 12% citaram a palavra. A prostituição também é a mais citada quando se pergunta “o que é o tráfico de mulheres?”. Foi a resposta dada por 31%, seguida por tráfico de pessoas (30%), desrespeito (26%) e escravidão (25%).