A palavra misericórdia tem origem latina. “Miserere” (ter compaixão) “cordis” (coração). Significa: “ coração compadecido”.
É um comprometimento de amor ao próximo. Ser misericordioso é um ato de compaixão. De dar sem esperar nada em troca!
Nos tempos hodiernos vários fatores contribuíram para que nós nos tornássemos indiferentes, insensíveis e até impiedosos: A decadência da estrutura familiar, o desprestigio do ensino básico e fundamental, a nova cultura do desrespeito as regras e dos valores éticos e morais.
A misericórdia contrasta com a inclemência e irracionalidade humana em pleno século XXI. Assistimos, inacreditavelmente, diferentes guerras com destruição de famílias, lares e cidades inteiras.
No momento de maior evolução tecnológica da história usamos a mesma para aumentar o poder bélico com drones e mísseis.
Outros avanços tecnológicos fantásticos como a televisão e o celular também contribuíram para o endurecimento dos nossos corações. As redes sociais aproximaram os mais distantes, mas afastaram as convivências presenciais afetivas dos mais próximos.
Sentimentos inconfessáveis como ciúme, cobiça e inveja afloraram dentro de nós.
Escrevo sobre o tema motivado pela belíssima apresentação de Maria Marta de Araújo, doutora da Academia Portuguesa de História, sobre as Santas Casas de Misericórdia do mundo.
A primeira foi fundada em 1498 em Lisboa, antes do descobrimento do Brasil.
A Casa Santa seria um nosocômio com finalidade de abrigar além dos doentes, os migrantes, os deficientes, os desamparados e as crianças enjeitadas.
Hoje o mundo possui milhares de Santas Casas.
No Brasil somos 1.894.
Motivo de muito orgulho para nós e principalmente para o provedor Alfredo Englert é que a expositora se referiu a nossa Santa Casa de Porto Alegre como a mais bem equipada e de maior valor físico patrimonial de todo mundo.
Somos 8.000 funcionários e mais de 2000 médicos.
Conhecedora das dificuldades financeiras destes hospitais lamentou profundamente a incompreensão política brasileira com respeito a saúde pelo sistema único.
O déficit mensal nosso com o SUS é de 14 milhões!
Crescemos e sobrevivemos graças a outras fontes pagadoras (convênios, garagem, cemitério etc.) emendas parlamentares e a grande generosidade de bondosos doadores. Cito aqui, entre muitos, Nora Teixeira.
Para ser misericordiosa a Santa Casa de Misericórdia vive da misericórdia de outros !
Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário
schwartsmann@santacasa.org.br