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Morte de brasileiro no exterior leva motoqueiros a protestarem nas ruas de Londres

O entregador Iderval Silva, de 46 anos, morreu em Londres após ter sido vítima de um assalto; motociclistas fizeram um protesto pelas ruas da capital inglesa para pedir justiça. (Foto: Reprodução)

Um assalto em Battersea, na região metropolitana de Londres, na Inglaterra, terminou com a morte de um brasileiro na terça-feira (28). O crime aconteceu no último sábado. O capoeirista Iderval Silva, de 46 anos – que trabalhava como motociclista para uma rede de delivery, – foi atacado por uma gangue e ficou internado por três dias com ferimentos na cabeça. Ninguém foi preso. Nesta quarta-feira (29), mais de 200 motoqueiros foram às ruas da capital inglesa para pedir a investigação do caso e punição aos responsáveis, além de mais segurança aos profissionais do setor. As informações são do jornal O Globo.

Os detalhes da morte de Silva foram confirmados pela Polícia Metropolitana de Londres. De acordo com a corporação, houve um chamado na tarde de sábado para um atendimento na avenida Charlotte Despard, em um estacionamento próximo às lojas de uma estação de trem chamada Battersea Park Road. Quando os policiais chegaram, Silva foi encontrado sozinho, ferido e levado a um hospital. A ex-mulher dele, a esteticista Luciana Pereira Vicente, de 44 anos, disse que ele ficou em coma até sofrer morte cerebral.

É uma fatalidade. O Iderval era muito tranquilo, calmo e responsável. Ele ensinava capoeira a crianças e trabalhava com projetos sociais. Sempre tentou passar adiante o lado bom, o respeito ao próximo e a necessidade de se colocar no lugar dos outros”, afirmou Luciana, que vive em Lisboa, capital de Portugal.

A família do brasileiro foi comunicada pela própria polícia de Londres após o crime (o Itamaraty também acompanha o caso). O único filho deixado por Silva, Caíque, de 24 anos, viajou para Londres no domingo e agora cuida da liberação do corpo do pai. Antes disso, conforme conta Luciana, será preciso aguardar uma autópsia, uma das etapas iniciais da investigação que será feita pela polícia.

O Caíque está em choque. É uma fatalidade que ele jamais esperava. Meu filho só tem 24 anos e está começando a vida agora”, lamentou a ex-mulher do capoeirista.

Uma página que representa o grupo de Recuperação de Motocicletas Roubadas de Londres compartilhou vídeos da manifestação organizada pelos colegas de Iderval Silva. O texto que acompanha as imagens afirma que “a quantidade de pessoas que se juntaram à corrida em homenagem a Silva foi incrível”. Em um trecho dos registros, motoqueiros aparecem usando capacetes e gritando palavras de ordem como “Justiça”, parte deles em português.

Para apurar mais detalhes sobre o crime, a polícia disponibilizou números de telefones através dos quais os cidadãos de Londres podem entrar em contato. Além de informações sobre possíveis suspeitos, os agentes também esperam conseguir imagens de câmeras de segurança que tenham registrado a ação.

Um dos responsáveis pela investigação, o detetive Mark Cranwell, garantiu que os assaltantes não sairão impunes. Eles fugiram antes da chegada da polícia e não conseguiram levar a moto de Silva. Um adolescente de 16 anos foi apreendido próximo ao local do crime e foi levado a uma delegacia para prestar esclarecimentos.

Quero tranquilizar a comunidade. Há uma investigação policial urgente e extremamente minuciosa em andamento, e estou determinado a encontrar os responsáveis”, pontuou o inspetor policial.

A vida do capoeirista no exterior começou em 2000, quando ele deixou o Brasil em busca de melhores condições financeiras. Luciana conta que Silva se mudou para Portugal e que ela o acompanhou um ano depois. Em Lisboa, ele ministrava aulas de capoeiras em duas academias e ainda mantinha um outro trabalho como segurança. Junto do filho Caíque, Luciana chegou ao país um ano depois do companheiro. Eles ficaram juntos até 2014. Três anos depois, em 2017, Silva se mudou para o Reino Unido.

Desde que chegou a Londres, o capoeirista seguiu com as aulas do esporte. Nas redes sociais, ele costumava divulgar a atividade. Em agosto do ano passado, publicou um cartaz destinado a crianças e adultos interessados em aprender mais sobre a prática de matriz afro-brasileira. Além de capoeira e defesa pessoal, Silva também ensinava ritmos musicais como frevo, maracatu e forró.

Em uma homenagem publicada na internet, um amigo do brasileiro lembrou da proximidade com a capoeira: “Não consigo acreditar nisso. Como assim? Falei com ele há pouco tempo. Estava tão bem fazendo a linda capoeira que sempre fez. Inacreditável. O coração de todos nós chora sua partida, meu irmão”.

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