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Porto Alegre A morte do cardiologista gaúcho Ivo Nesralla também repercutiu nos meios culturais

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Médico presidiu duas vezes a Ospa e a Bienal do Mercosul. (Foto: Arquivo/ Instituto do Coração)

Falecido aos 82 anos após sofrer um infarto na manhã desta quarta-feira (16) em Porto Alegre, o cardiologista, cirurgião e professor Ivo Nesralla foi alvo de uma série de homenagens ao longo do dia. As mensagens partiram não apenas de governantes e autoridades na área da saúde: dono de uma atuação intensa como incentivador da cultura, a sua morte repercutiu também entre representantes do setor.

A Sedac (Secretaria da Cultura) do Rio Grande do Sul ressaltou a trajetória de Nesralla como presidente da Ospa (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre) durante 23 anos – 1983 a 1991 e 2003-2018. “Ele prestou enorme esforço para a consolidação da Ospa, buscando encontrar soluções para operacionalizar um espaço próprio para os ensaios e apresentações da Orquestra.

Segundo a titular da Sedac, Beatriz Araujo, “a figura do Doutor Ivo Nesralla por muitos anos esteve associada à Ospa”. Ela acrescentou que o período foi marcado por avanços que permitiram à Orquestra se tornar ainda mais conhecida nas salas de concerto de todo o Brasil. “A secretaria lamenta o seu falecimento e se solidariza com a família”, finalizou.

Já o atual presidente da Fundação Ospa, Luis Roberto Andrade Ponte, definiu o seu antecessor como “um apaixonado pela Ospa e pela música de concerto”, que durante os 23 anos no cargo se dedicou intensamente para consolidar a Orquestra como uma das mais importantes do nosso País”. Por fim, Ponte classificou Nesralla como “uma pessoa de imensa sensibilidade e grande coração”.

O presidente da Fundação Pablo Komlós (ligada à Ospa), Geraldo Lopes, acrescentou que ‘‘esse trabalho foi fundamental para a concretização da Ospa como uma das maiores orquestras do País”. Mencionou, ainda, o fato de Nesralla ter sido “um ser humano muito especial” e que “foi uma honra trabalhar ao lado dele por tantos anos.’’

Ivo Abrahão Nesralla nasceu na Capital gaúcha e em 1991 recebeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, por sua atuando em sociedades médicas e em prol da cultura no Rio Grande do Sul – ele também presidiu duas edições da Bienal de Artes do Mercosul. Esta foi apenas uma dos reconhecimentos que recebeu em vida, e que se multiplicaram durante esta quarta-feira, com a notícia de sua morte.

Ele deixou a mulher, Paulita, os filhos Ivo, Carlos e Paula (também cirurgiã cardíaca) e netos. O velório e o sepultamento serão realizados nesta quinta-feira (17), no Cemitério da Santa Casa.

Parada cardíaca

Ivo Nesralla sofreu uma parada cardíaca quando estava em sua residência, foi socorrido por familiares e chegou a ser conduzido por uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao setor de emergência do Hospital Moinhos de Vento, mas não resistiu, tendo a morte confirmada por volta das 10h30min.

Como se diz na linguagem popular, uma “ironia do destino”, já que era justamente o coração a especialidade do professor e cirurgião – estima-se em quase 50 mil o número de operações desse tipo por ele realizadas

Trajetória médica

Ele fez a primeira operação de ponte-de-safena no Rio Grande do Sul em 1970 e, três anos depois, empregou de forma inédita no País a técnica da hipotermia profunda para operações cardíacas.

Em 1984, realizou o primeiro transplante de coração no Estado. Já em 1999, implantou o primeiro coração artificial na América Latina. No ano seguinte, realizou a primeira cirurgia robótica cardíaca na América Latina.

Como educador, Nesralla foi professor titular de cirurgia cardíaca na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e presidente do Instituto de Cardiologia e Fundação Universitária de Cardiologia. A instituição também se manifestou, por meio de nota:

“A Direção da Fundação Universitária de Cardiologia cumpre o doloroso dever de informar o falecimento do ilustre cirurgião cardíaco, professor e ex-presidente da Instituição, Doutor Ivo Nesralla. O seu espírito pioneiro reacendeu a cirurgia de transplante de coração em nosso País e sua liderança foi fundamental para cumprirmos a nossa missão de assistência, ensino e pesquisa”.

(Marcello Campos)

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