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Por Redação O Sul | 18 de abril de 2019
A notícia do suicídio do ex-presidente Alan García, do Peru, caiu como uma bomba na Odebrecht. Executivos da empresa delataram o político, que se matou antes de ser preso. De acordo com pessoa próxima da empresa, Jorge Barata, que dirigiu as operações no Peru por cerca de 15 anos e foi um dos delatores, estava arrasado.
Executivos lembravam que as delações relatavam ilícitos do governo de García, além de contribuições para campanhas eleitorais — e não roubos pessoais dele.
O único benefício pessoal, ainda investigado pela procuradoria, seria o pagamento, pela empreiteira, de US$ 100 mil por uma palestra que ele efetivamente deu na brasileira Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A ação foi delatada por um advogado terceirizado da Odebrecht.
Em nota, a Fiesp afirma que, em função de sua política interna, não remunera palestrantes e convidados nem cobra ingresso para os eventos que realiza. Recebe rotineiramente personalidades políticas e diz que foi nessa condição que Alan García esteve presente em eventos da Federação.
García, que foi presidente do Peru em dois mandatos — de 1985 a 1990 e de 2006 a 2011 — conviveu com o patriarca da empreiteira, Norberto, com o filho dele, Emílio, e enfim com Marcelo Odebrecht.
A relação era simbólica: o Peru foi o primeiro país em que a empresa se instalou quando decidiu partir para a internacionalização.
Quando tomaram depoimento de Marcelo Odebrecht sobre a corrupção da empreiteira no Peru, os investigadores do país focaram em García. Chegaram a perguntar se a empresa tinha feito pagamentos ao ex-presidente. Odebrecht foi vago. Respondeu que, mesmo sem saber “especificamente” de nada, achava possível pois “sempre” teria havido pagamentos não contabilizados para políticos do país.
Velório
O velório do ex-presidente Alan García reuniu uma multidão de aliados e apoiadores na cidade de Lima, capital do Peru, em clima de comoção. O político de longa carreira se suicidou na quarta-feira (17) durante uma operação policial que o levaria da sua casa à prisão, em decorrência das investigações sobre seu suposto envolvimento em atos de corrupção no caso Odebrecht.
Segundo o jornal “El Comercio”, os restos mortais de García foram levados do hospital onde ele morreu, no distrito de Miraflores, à Casa do Povo, a principal sede do seu partido, a Apra (Aliança Popular Revolucionária Americana).
Ao redor, uma multidão com celulares e flores cercou o caixão que levava o corpo do ex-presidente. A sua família optou por realizar o velório em caráter privado, apenas para amigos e parentes do ex-presidente, ainda de acordo com o jornal El Comercio.
Quando García foi levado ao hospital, onde foi submetido a uma cirurgia antes de morrer em decorrência de três paradas cardíacas, dezenas de seus simpatizantes, amigos e políticos correram ao local para expressar indignação e tristeza. Algumas pessoas choravam e entoavam cantos de tom político em favor do Apra.