O cenário mundial desenhado para 2023 é de incertezas macroeconômicas, mas a multinacional Paramount já decidiu que o Brasil será um dos três países que mais receberão investimentos neste ano para expandir a plataforma Paramount+, um serviço de streaming de filmes, séries e programas por assinatura.
“Todos os nossos indicadores no Brasil e na América Latina estão indo na direção certa, aplicamos nossa estratégia em 2022 de maneira bem-sucedida para que 2023 seja de crescimento sustentável”, diz Marco Nobili, vice-presidente da Paramount e responsável pelas operações internacionais do Paramount+, ao jornal Valor Econômico.
A companhia foi formada em 2019 com a fusão da CBS Corporation e da Viacom na ViacomCBS. Mudou de nome para Paramount no início de 2022.
O executivo italiano, que já trabalhou no escritório brasileiro da Microsoft e tem passagens por Amazon e Netflix, diz que hoje o país é um dos cinco principais mercados da companhia, tanto na plataforma paga Paramount+ como na gratuita Pluto TV.
A partir de 2023, o plano é “transmitir eventos esportivos ao vivo com a Copa Libertadores e Copa Sul-Americana e também oferecer filmes sob demanda, o que vai ajudar a sustentar esse crescimento que vimos em 2022”. Por conta desses investimentos, Nobili acredita que a operação brasileira deve crescer acima da média global da empresa. A Paramount também é dona de MTV, Nickelodeon e Comedy Central, entre outros canais.
Ao fim do terceiro trimestre, a Paramount+ chegou a 46 milhões de assinantes no mundo. As receitas de serviços de “streaming” da Paramount subiram 38% em um ano, para US$ 1,22 bilhão. O serviço ainda não gera lucro e exige investimentos mais pesados para sua expansão. A plataforma está próxima de completar dois anos.
Mesmo com as incertezas macroeconômicas, Nobili acredita que a Paramount+ vai continuar a crescer no Brasil. “Nossos levantamentos mostram que o brasileiro assina em torno de três a quatro serviços de ‘streaming’ e como é uma opção barata de entretenimento não passa ainda por perigo de contração”, diz o executivo.
Um dos desafios que a Paramount enxerga para a expansão do seu serviço de streaming no país é a extensão geográfica. “Em alguns países você investe em uma ou duas cidades e consegue abarcar boa parte do mercado, no Brasil é diferente, precisa de mais paciência e pensar nas particularidades de cada região”, afirma.
Após a divulgação de resultados do terceiro trimestre, a Paramount anunciou que vai reduzir custos e despesas para conter efeitos do momento fraco no mercado de anúncios digitais. Nobili disse que os cortes serão feitos exatamente para apoiar os investimentos na expansão da companhia. Questionada pelo Valor, a empresa não informou quanto planeja investir na operação brasileira.
O presidente global da Paramount, Bob Bakish, explicou, na teleconferência de resultados, que os cortes devem colocar a empresa no caminho certo em termos operacionais e de alocação de recursos.
Nos últimos 12 meses, as ações da Paramount negociadas na Nasdaq, em Nova York, acumulam queda de 47%. As informações são do jornal Valor Econômico.