Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 31 de maio de 2015
Os pequenos Laura e Lucca, 3 anos, tomaram banho para se preparar para mais uma festinha na escola que frequentam. Na hora de escolher as roupas, houve um pequeno conflito. Isso porque os pequenos têm duas mães e as duas gostam de palpitar na escolha dos trajes dos filhos. “Aqui, são duas para escolher as roupas e isso às vezes complica um pouco”, disse a musicista Thaís Musachi, 28, uma das mães.
“Mas nada que não se resolva com um jeitinho”, resumiu a pediatra Luciana Avelar, 41, a outra mãe.
A história de Thaís e Luciana começou há sete anos e ganhou contornos inusitados quando as duas resolveram ter filhos. Ao contrário da maioria dos casais homossexuais, as duas optaram por ter filhos biológicos.
Elas conseguiram superar as barreiras naturais para a reprodução recorrendo a um banco de esperma e, depois de sete tentativas, cada uma com um custo médio de 20 mil, viram seu sonho ser realizado.
Embriões.
Luciana gestou em seu útero dois embriões. Um deles foi produzido com a junção de um óvulo dela e o espermatozoide doado. O outro óvulo foi retirado de Thaís. Elas curtem agora o casal de filhos de 3 anos.
Laura é mais parecida com Thaís e Lucca lembra Luciana. No gênio, no entanto, é ao contrário: Lucca é mais elétrico, como Thaís, e Laura tem a meiguice de Luciana. Ou seja, uma família perfeita. “Para nós, nunca foi importante saber quem gerou quem, nem fizemos exames de DNA para descobrir”, afirmou Thaís.
O valor do afeto.
“O importante é o afeto que nos une”, completou Luciana. Enquanto ouvem suas mães contarem suas histórias, Lucca e Laura demonstram total naturalidade. “Eles têm perfeita noção de que aqui ocorre uma composição familiar diferente”, aponta Thaís.
“Comentam, por exemplo, o fato de os colegas terem um pai e uma mãe e eles não. Mas não se abatem com isso, pelo contrário”, garantiu. Luciana conta que Lucca e Laura às vezes brincam juntos de casinha e no mundo imaginário reproduzem as famílias convencionais. “Eles brincam de papai e de mamãe, mesmo sabendo que a realidade deles é diferente”, revelou Luciana.
Receita copiada.
Essa espontaneidade no trato de uma situação peculiar é o que buscam também as companheiras Aline Marinho e Vanessa Pinheiro. Juntas há 12 anos, elas resolveram ter um filho e não optaram pela adoção.
Elas recorreram a um banco de esperma e a fertilização foi feita em Vanessa. “Agora estamos esperando nosso filho para julho”, informou Aline. “O engraçado é que a criança está sendo gerada na barriga da Vanessa, mas eu sinto enjoo e os sintomas da gravidez como se fosse comigo. Devo sentir também as dores do parto quando ele nascer”, previu. (DSP)