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A Nasa envia missão a Marte para descobrir sinais de vida no planeta

Veículo começou jornada para alcançar o planeta em fevereiro de 2021. (Foto: NASA/Joel Kowsky)

E assim, empurrada por uma bola de fogo e fumaça, começou a mais ambiciosa missão humana ao planeta vermelho. O veículo batizado de Perseverance tem tarefas incríveis em Marte. Para começar, ele vai produzir oxigênio a partir do gás carbônico coletado da atmosfera de Marte. A missão também está levando um pequeno helicóptero que vai fazer voos curtos diários e imagens.

Além disso, o Perseverance vai procurar sinais de vida no passado do planeta em uma área que existia um lago há três bilhões de anos. O robô vai coletar amostras do solo e colocar em tubinhos, que vão ficar espalhados na imensidão de Marte, possivelmente guardando a resposta: já houve vida em Marte?

Até que, em 2031, um outro robô vai lá buscar essa resposta. E o responsável justamente por essa parte do projeto é um brasileiro, o Ivair Gontijo.

“Nós todos trabalhamos de casa. Se não tivesse a pandemia, eu estaria na Flórida, mas a grande maioria das pessoas não foram para a Flórida para evitar a contaminação”, explica.

Os cientistas da Nasa já estão acostumados a comandar missões à distância. Da Terra, eles controlam sondas, naves, robôs no espaço. Mas essa foi a primeira vez que eles preparam boa parte da reta final de um lançamento de casa. E, se já não estava fácil lançar um foguete do “home office”, ainda tinha uma surpresinha guardada.

“Dez minutos antes do lançamento houve um terremoto aqui na Califórnia, então os monitores vibraram todos, não caiu nada, mas foi um terremoto de 4,5 e bem próximo da gente”, conta Ivair.

Em fevereiro de 2021, a missão chega a Marte. Vai ser como um ensaio para o objetivo maior. “Essa missão é essencial para que humanos cheguem em Marte um dia”, explica Ivair.

Indícios de água

No início dos anos 2000, os robôs chamados de Veículos Exploradores de Marte da Nasa foram incumbidos de “seguir a água”. O Opportunity e o Spirit encontraram evidências geológicas da presença de água líquida no passado.

O veículo explorador Curiosity, que aterrissou em 2012, encontrou o lago que, no passado, cobria o lugar onde pousou, a cratera Gale, onde pode ter havido vida. Ele também detectou moléculas orgânicas (contendo carbono) que servem como “blocos de construção da vida”.

Agora, o robô Perseverance explorará um ambiente semelhante com instrumentos projetados para realizar testes em busca de traços de biologia.

O alvo do Perserverance, que deverá pousar em Marte em fevereiro de 2021, é a cratera Jezero, onde os sinais de existência passada de líquido são ainda mais claros, quando vistos em órbita, do que os da cratera Gale.

O veículo explorador perfurará rochas marcianas, extraindo núcleos do tamanho de um pedaço de giz. Estes serão armazenados em recipientes selados e deixados na superfície. Mais tarde, estes serão coletados por outro veículo explorador, lançados à órbita de Marte e levados à Terra para análise. Tudo faz parte de uma colaboração com a Agência Espacial Europeia (ESA na sigla inglesa), um projeto chamado Mars Sample Return (Devolução de Amostra de Marte, em tradução livre).

Mas o veículo explorador também terá outras tarefas na superfície de Marte.

A cratera de Jezero apresenta um dos exemplos marcianos mais bem preservados de um delta: estruturas em camadas formadas quando os rios entram em corpos abertos de água e depositam rochas, areia — e, potencialmente, carbono orgânico.

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