Ciente de que o espaço ainda esconde inúmeros segredos à compreensão humana, a Nasa (agência espacial norte-americana, na sigla em inglês) planeja lançar em um prazo de até cinco anos o “Telescópio Espacial Nancy Grace Roman”. Trata-se de um novo observatório que prevê uma “visão” 100 vezes maior que a fornecida atualmente pelo Hubble, mais sofisticado equipamento desse tipo já produzido.
O nome do equipamento foi escolhido em homenagem à astrônoma norte-americana Nancy Grace Roman (1925-2018), primeira mulher a ocupar um cargo de direção executiva na Nasa. E o objetivo é ambicioso: encontrar planetas interestelares, que vagam livremente no espaço sideral, de forma “avulsa”, sem orbitar nenhuma estrela.
Tal característica faz com que essa modalidade de corpo celeste seja muito difícil de visualizar. No entanto, isso pode estar prestes a mudar, no que depender dos técnicos dos Estados Unidos e de outros países engajados ao projeto.
Em um estudo para investigar as capacidades tecnológicas do novo equipamento, uma equipe de estudantes de astronomia da Ohio State University descobriu que a missão da Nasa tem dez vezes mais chance de detectar esses “mundos perdidos” durante observações astronômicas.
“Isso nos dará uma espécie de ‘janela’ que de outra forma não teríamos para os planetas interestelares”, ressaltou o pesquisador Samson Johnson, um dos envolvidos no estudo sobre o telescópio. “Vários deles já foram descobertos, mas para realmente obtermos uma imagem completa, a nossa melhor aposta até agora é o Roman.”
Surgimento dos planetas interestelares
Embora a ciência ainda não tenha obtido êxito total em suas tentativas de entender a origem desses planetas “avulsos”, uma das teorias a respeito é de que tenham sido formados a partir de discos gasosos ao redor de estrelas. Em uma segunda etapa, acabaram lançados pelo espaço, graças a forças gravitacionais.
Ao menos por enquanto, os mecanismos de origem permanecem um mistério. Mas para os astrônomos já está bastante claro que um telescópio como esse será capaz de perceber tais entidades à deriva no escuro, em uma técnica chamada de “microlente gravitacional”. Isso ocorre quando a luz de um objeto distante – uma estrela, por exemplo – é distorcida por forças gravitacionais exercidas por outro objeto.
Ainda faltam alguns anos para que o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman esteja operacional, mas não deve demorar muito para que a esperada nova era de descobertas astronômicas seja possível. Essa fase pode ser, inclusive, semelhante ao encontro dos primeiros exoplanetas – que começou a ocorrer na década de 1990.
“Sistemas baseados em radiofrequência têm sido úteis à Nasa há décadas, mas não o suficiente”, ressalva um dos envolvidos no plano. “Buscando desenvolver tecnologias que confiram mais velocidade e eficiência às transmissões de dados do espaço profundo para a Terra, e vice-versa, a agência está trabalhando em soluções de comunicação óptica, utilizando laser infravermelho para enviar e receber arquivos a longas distâncias.
Concluída recentemente, a estação terrestre de última geração Optical Ground Station 2 (OGS-2) faz parte dessas soluções. Semelhante a um capacete gigantesco, a estação é na verdade um telescópio óptico arquitetado para receber os feixes de laser provenientes do espaço. Desta forma, futuras sondas enviadas à órbita de Marte, por exemplo, poderão transmitir imagens e vídeos em alta qualidade à Terra em questão de segundos, desde que possuam sistemas capazes de emitir raios laser.