O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, entra em campo, mais uma vez, em busca de tentar amenizar os ânimos entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF). O foco é o novo ato convocado pelo pastor Silas Malafaia na Avenida Paulista, em São Paulo, que tem como pauta o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. A manifestação foi marcada para o dia 7 de setembro.
A interlocutores, Tarcísio disse já estar “preparando as mangueiras de incêndio” para atuar. O objetivo do governador é tentar convencer Jair Bolsonaro, que já confirmou presença no ato, a não fazer ataques aos integrantes da corte.
Um dos principais argumentos que aliados do ex-presidente alinhados a Tarcísio defendem é que ataques aos magistrados podem culminar em reações, como um pedido de prisão preventiva.
Ministros do STF também relataram à coluna de Bela Megale, do jornal O Globo, que usarão os diálogos com Tarcísio para medir a temperatura da manifestação. O governador de São Paulo hoje desponta como uma das principais pontes de Jair Bolsonaro com a corte. Tarcísio também mantém proximidade com Alexandre de Moraes, o que gera, regularmente, críticas entre os bolsonaristas.
Outro motivo que faz Tarcísio se empenhar diretamente na missão de bombeiro é que o ato acontecerá na capital do Estado que ele governa.
Em fevereiro, quando foi realizada uma manifestação em defesa de Bolsonaro na mesma Avenida Paulista, foi Tarcísio quem garantiu aos ministros do STF que Bolsonaro não faria ataque à corte. Na ocasião, havia policiais federais à paisana acompanhando o ato para agir, caso o ex-presidente descumprisse medidas cautelares impostas pela corte.
A decisão de Jair Bolsonaro de comparecer ao ato pró-impeachment de Alexandre de Moraes acendeu um alerta na corte. O ato de Malafaia foi criado após a Folha de São Paulo revelar mensagens trocadas por assessores de Moraes que mostram o uso informal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo magistrado.
Bolsonaro chegou a ser aconselhado pelos seus assessores e aliados mais moderados a não comparecer ao ato, mas decidiu ir. Na semana passada, o ex-presidente comunicou a presença aos organizadores do evento e confirmou a ida à manifestação ao colunista Igor Gadelha, do site “Metrópoles”.
A notícia foi recebida por ministros do STF como algo “previsto”, mas colocou os magistrados em alerta sobre a necessidade de acompanhar os desdobramentos dos atos. Há a avaliação, inclusive, de que Bolsonaro pode descumprir alguma medida restritiva imposta no âmbito das investigações. As informações são do jornal O Globo.