Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de julho de 2020
A PF (Polícia Federal) deflagrou na manhã desta quinta-feira (30) uma nova etapa da Operação Ponto Final, desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Segundo a corporação, um dos investigados mantém, até hoje, uma conta na Holanda com valores obtidos a título de propina para beneficiar empresários do setor de transportes públicos.
Segundo os investigadores, foram identificados depósitos não declarados que totalizam cerca de US$ 1,9 milhão. Entre os alvos da ação está o ex-presidente do Detro (Departamento de Transportes Rodoviários) Rogério Onofre, que chegou a ser preso em 2017, quando a Ponto final foi inicialmente desencadeada.
Agentes foram mobilizados para o cumprimento de três mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro – um na capital e dois em Paraíba do Sul, interior do Estado. As ordens foram expedidas pela 7ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.
Aberta em 2017, a Operação Ponto Final investiga um esquema em que empresas de ônibus teriam pago cerca de R$ 260 milhões em propinas a políticos e agentes públicos do Rio. Entre os principais alvos da investigação estão o “Rei do ônibus”, Jacob Barata Filho, e o ex-presidente da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes do Rio de Janeiro) e delator Lelis Teixeira.
A mais recente denúncia envolvendo o esquema foi apresentada no último dia 15. O Ministério Público Federal denunciou à Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, o desembargador Mário Guimarães Neto, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por suposta participação em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo o setor de transportes públicos do Estado. Segundo a Procuradoria, o magistrado teria recebido propina de R$ 6 milhões dos empresários Jacob Barata Filho, João Augusto Morais Monteiro e José Carlos Lavouras – ex-dirigentes da Fetranspor – para garantir decisão judicial favorável aos interesses dos mesmos. O trio também foi denunciado, por corrupção ativa.
“Em razão do ajuste, o desembargador efetivamente praticou atos de ofício com infração de dever funcional, proferindo decisões judiciais que beneficiaram as empresas de ônibus em mais de 40 ações civis públicas que objetivavam a realização de licitação das linhas de ônibus pelo município do Rio de Janeiro”, apontou o MPF em nota.
Resultado das operações Descontrole e Quinto do Ouro, a denúncia também atinge a esposa do desembargador, a advogada Gláucia Iorio de Araújo Guimarães, que foi acusada dos mesmos crimes imputados a seu marido – corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Além disso, os investigadores acusam o doleiro Carlos Eduardo Caminha Garibe de lavagem e evasão de divisas e o empresário Miguel Iskin (réu em diferentes ações da Lava Jato no Rio, envolvendo a área da saúde), também por evasão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.