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Colunistas A palavra do ano

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O Dicionário Oxford é um dos mais respeitados no mundo. Todos os anos, ele divulga a palavra do ano — vocábulo que atraiu o maior interesse das pessoas. A escolha se baseia nas consultas feitas no site da editora. Em 2018, a eleita não foi nada lisonjeira. Trata-se de tóxico. As buscas se concentraram em duas acepções. Uma literal: entorpecente, caso das drogas. A outra metafórica, usada em sentido figurado. Ela acompanha sobretudo o substantivo masculinidade — masculinidade tóxica.

A duplinha se refere aos casos de abuso sexual revelados pelo movimento #MeToo. Astros e estrelas de Hollywood botaram a boca no trombone. Contaram tim-tim por tim-tim as ocorrências de machismo que rolavam soltas na indústria cinematográfica. Atrás do glamour, imperava o desrespeito e a lei do mais forte. O adjetivo criou asas. Virou feijão de festa. Aqui e ali aparece na companhia de outros nomes. É o caso de relacionamento tóxico e cultura tóxica.

As anteriores

Outras vedetes figuraram em anos anteriores. Em 2017, a palavra do ano foi terremoto jovem. Fazia alusão ao poder da moçada em movimentos políticos e sociais mundo afora. Em 2016, ganhou destaque a composta pós-verdade — fenômeno contemporâneo em que a opinião se impõe aos fatos. Em 2015, ops! A palavra não foi palavra. Foi um emoji. Em 2014, a seleção recaiu sobre vape, abreviação do substantivo vapor ou do verbo vaporizar. O dissílabo é usado pelos fumantes do cigarro eletrônico. Já em 2013, selfie ficou com o troféu.

Por falar em tóxico…

Tóxico se escreve com o xis. O xis é a letra com o maior número de pronúncias em português. Em certas palavras, pronuncia-se ch (enxoval). Em outras, z (exame). Em outras, ainda, s (excelência). Chega? Não. Há os casos em que a gloriosa soa ks (táxi, tóxico). Ufa! É ônibus de sons.

O xis pede passagem

1. Depois de ditongo (caixa, baixa, ameixa, baixela, faixa, frouxo, peixe, trouxa, rouxinol). Exceção? Só uma: caucho (árvore que dá certo tipo de látex do qual se produz borracha). Daí recauchutar e recauchutagem.

2. Depois de en (enxada, enxoval, enxofre, enxaguar, enxergar, enxame, enxaqueca, enxurrada). Exceção: derivadas de palavras escritas com ch: cheio (encher, enchimento, enchente), charco (encharcar, encharcado), chumaço (enchumaçar, enchumaçado), chocalho (enchocalhar).

3. Depois da sílaba inicial me (mexer, mexida, mexerico, mexerica, mexilhão, México). Exceção: mecha & familiares (mechar, mechado).

4. Depois de br (bruxa, bruxaria, bruxear, bruxulear, bruxuleante, bruxuleio, Bruxelas).

5. Palavras de origem africana e indígena (xavante, abacaxi, orixá, xangô, caxambu).

O xis da questão

Na matemática, x representa a incógnita. Nas equações, determina valor desconhecido. No árabe, palavra de sentido ignorado é escrita como xay. Com o tempo, nas traduções informais e econômicas, xay virou X, incorporado à linguagem das equações. Pronto! Eis aí a origem do… X do problema.

Historinha

Noel Rosa utilizou-se do X em samba antológico, chamado “X do problema”. A atriz e comediante Ema D’Ávila não tinha uma canção nova para a revista musical que ia estrear. Noel apareceu com o samba, mas se desmanchando em desculpas:

— Foi feito às pressas, não é lá essas coisas.

Ema o adorou. E Aracy de Almeida gravou “X do problema” em 1936. O sambinha converteu-se num dos seus maiores sucessos: “Já fui convidada para ser estrela do nosso cinema / Ser estrela é bem fácil / Sair do Estácio é que é / o X do problema”.

Leitor pergunta

Disseram que Bolsonaro quer nomear o filho ministro. Será? Ele disse que não pratica nepotismo. A resposta me deixou curioso. Qual a origem do polissílabo?

Sandro Duque, São Paulo

Nepotismo nasceu do latim nepos, nepotis. Quer dizer sobrinho. Na Roma dos Césares, os sobrinhos dos papas gozavam de privilégios. Um deles: preferência nas nomeações para cargos importantes, com salários nas alturas. Resultado: tornou-se sinônimo de políticos nomearem parentes para postos cobiçados. Xô!

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/a-palavra-do-ano/ A palavra do ano 2018-11-24
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