Por iniciativa do deputado estadual Airton Lima (Podemos), a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul terá a partir deste mês a sua primeira frente parlamentar evangélica. O objetivo é reunir membros da Casa que tenham em comum a crença e a defesa de pautas comuns a adeptos desse segmento religioso.
O deputado, que presidirá os trabalhos, resssalta a afinidade com o conservadorismo nos costumes: “Será uma ferramenta de proteção para bandeiras evangélicas como a defesa da fé, da família, das crianças e adolescentes, da liberdade religiosa e também contra o ensino de ideologia de gênero nas escolas, o aborto e a legalização das drogas”.
Para a instalação da frente, um requerimento foi aprovado com as assinaturas de 41 parlamentares, reunidas por Airton Lima até o final de maio. Um evento de instalação está marcado para as 19h30min do dia 21 de agosto, no Teatro Dante Barone do Palácio Farroupilha, no Centro Histórico de Porto Alegre.
Além de parlamentares, são esperados líderes religiosos e membros de diversas denominações evangélicas. O evento contará ainda com ministrações de Asaph Borba, músico gaúcho nacionalmente conhecido por mais de 30 anos de carreira no meio evangélico.
Expansão
A instalação de uma frente parlamentar com tal perfil está em sintonia com uma tendência sociocultural verificada no País ao longo dos últimos anos: o aumento da população que se define como evangélica.
Dados do censo demográfico produzido em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já indicavam mais de 42 milhões de brasileiros (22%) autodeclarados com esse tipo de religião. Esse contingente era quase 62% maior que dez anos antes.
Ainda não foram divulgados os dados do novo Censo sobre o perfil religioso dos brasileiros, mas outros levantamentos já indicam aumento progressivo desse indicador. Uma pesquisa do instituto DataFolha revelou, em 2020, que o índice de evangélicos é de 31%.
Um outro levantamento, elaborado pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da Universidade de São Paulo (USP), indicou um aumento considerável também no número de templos: quase 110 mil em 2019, contra de 62,8 mil no início daquela década.
“Essa transformação tem ocorrido sem mudanças abruptas ou grandes rupturas em meio à sociedade, não havendo registro de grandes confrontos ou importantes movimentos populares de intolerância religiosa”, ponderou o deputado Airton Lima no requerimento de instalação da frente.
(Marcello Campos)