A pedido de aliados de Jair Bolsonaro, Michel Temer conversou recentemente com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para desbloquear o passaporte do ex-presidente, que gostaria de encontrar Donald Trump nos Estados Unidos. Pedido feito, pedido negado. A informação é da coluna Radar, da revista Veja.
Se já não havia clima para um relaxamento das investigações contra Bolsonaro no STF, no caso da tentativa de golpe, o ataque de um homem-bomba em Brasília, na última quarta-feira (13), deu ainda mais força à apuração.
Moraes deixou isso claro na conversa que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e colegas da Corte, ainda na quarta. “Tudo está interligado”, disse o ministro na conversa, segundo um colega.
Atentado
Duas explosões, em um intervalo de cerca de 20 segundos, ocorreram perto da sede do Supremo, em Brasília, no início da noite de quarta. Na ocasião, Francisco Wanderley Luiz, morreu.
A vítima foi candidata a vereador pelo PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, nas eleições municipais de 2020 e não se elegeu (ele teve 98 votos naquela disputa). Segundo a Polícia Civil, ele alugou uma casa em Ceilândia, no Distrito Federal.
O irmão de Francisco, Rogério Luiz, afirma que ele era solteiro, atuava como chaveiro e tinha dois filhos, de 37 e 38 anos, do primeiro relacionamento.
Antes da explosão em frente ao STF, o homem tentou entrar no prédio. Ele jogou um explosivo embaixo da marquise do edifício, mostrou que tinha artefatos presos ao corpo a um vigilante, deitou-se no chão e acionou um segundo explosivo na nuca.
Em um relato à Polícia Civil, um segurança do Supremo afirmou que o homem estava com uma mochila, de onde tirou uma blusa, alguns artefatos e um extintor. A peça de roupa foi lançada na estátua em frente ao Supremo.
Quando o segurança tentou se aproximar, o homem “abriu a camisa” e o segurança viu algo semelhante a um relógio digital, acreditando ser uma bomba. Dois ou três artefatos foram lançados pelo homem e estouraram. Depois, ele se deitou no chão, acendeu o último artefato e colocou na cabeça como um travesseiro.
No Boletim de Ocorrência, também consta que o homem compartilhou mensagens pelo aplicativo WhatsApp que antecipavam o que aconteceu na Praça dos Três Poderes, “manifestando previamente a intenção do autor em praticar o autoextermínio e o atentado a bomba contra pessoas e instituições”.