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Política A pedido do Palácio do Planalto, a cúpula do PT retirou a expressão “republicanismo excessivo” do governo em documento

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O PT, goste-se ou não, é a principal força da esquerda e âncora maior de sustentação do governo. (Foto: Reprodução)

A cúpula do PT retirou a expressão “republicanismo excessivo” do governo Lula de um trecho da resolução política que passou pelo crivo do Diretório Nacional do partido, nesse sábado (7), em Brasília. A supressão foi a pedido do Palácio do Planalto. Embora o documento mantenha o raciocínio de que o governo careceu de capacidade de diálogo com o partido “em uma eleição dominada por máquinas municipais de aliados da base, não petistas, abastecidas por emendas” parlamentares, foi cortada a parte do texto que citava expressamente o Centrão.

A versão preliminar do documento, produzido pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) e obtida pelo Estadão, dizia que o PT havia sido prejudicado por um “republicanismo excessivo” do governo Lula nas eleições municipais. Após “senões” apontados por ministros, porém, a CNB – tendência do presidente – passou a tesoura em alguns trechos. Não há mais na proposta de resolução, por exemplo, a seguinte frase: “Diante de R$ 50 bilhões em emendas, dinheirama distribuída num piscar de olhos, ou no átimo de um Pix, candidatos do PT ficaram sem discurso frente a nomes do Centrão e da direita”.

Mesmo assim, petistas mantiveram o trecho que diz que “inúmeras realizações da administração Lula foram eclipsadas pelo orçamento secreto, que levou o pacto federativo ao limite do absurdo e segue desafiando o modelo de presidencialismo vigente”.

A proposta de resolução política vincula o que chama de “crescimento desproporcional” das emendas parlamentares, atingindo R$ 50 bilhões, a “distorções no orçamento público herdadas do governo Bolsonaro”.

Um levantamento feito pelo Estadão mostrou que o PT foi o terceiro partido que mais destinou emendas parlamentares individuais na Câmara e no Senado – ficando somente atrás de União Brasil e PL – entre o início de 2021 e o fim de outubro deste ano. Deputados e senadores do PT enviaram R$ 6,2 bilhões em emendas neste período, sendo 74% diretamente para prefeituras.

Lula e Haddad

No texto, o PT elogia Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na avaliação da cúpula petista, Lula e Haddad “acertam ao expor a hipocrisia dos grandes grupos econômicos e ao propor a taxação dos mais ricos”. O documento afirma, porém, que “o tempo é escasso” e pede urgência em uma disputa política mais eficaz com a extrema-direita.

“É preciso compreender essa nova era de incertezas e dialogar com a nossa base, seja ela católica ou evangélica e, ao mesmo tempo, combater a falta de projeto da extrema-direita. Como nos ensina a saudosa Conceição Tavares ‘povo não come PIB’”, diz um trecho da proposta de resolução política.

Apesar de ter recuado na abordagem do “republicanismo excessivo”, a cúpula do PT fala agora em “timidez” do governo ao enfrentar o campo conservador. “As realizações do governo são extraordinárias, mas nem sempre isso é percebido adequadamente pela sociedade, devido à timidez de vários dos nossos porta-vozes em travar abertamente o debate e a disputa política contra as forças conservadoras e reacionárias”, afirma o documento.

No diagnóstico do PT, o presidente Lula, tratado como “candidato à reeleição”, deve “recalibrar toda sua sabedoria e liderança para o mundo digital” e não pode abrir mão dos instrumentos de comunicação de que dispõe.

“A utilização de transmissões em cadeia nacional de rádio e TV deveria ser uma constante nas atividades da Presidência e dos ministros e ministras que integram pastas cruciais, e não uma estratégia limitada a datas como o 7 de Setembro”, diz o texto. Foi em um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, no último dia 27, que Haddad anunciou o corte de gastos para cumprir o arcabouço fiscal. (Estadão Conteúdo)

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