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A Petrobras cortou a produção e os salários dos funcionários para reagir à crise provocada pela pandemia do coronavírus

O preço do petróleo teve uma queda de mais de 50% este ano. (Foto: Reprodução/Petrobras)

A Petrobras anunciou uma série de medidas para preservar seu caixa, em meio a um cenário de incertezas trazidas pela crise de demanda e do preço do petróleo provocada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A estatal cortou a produção, reduziu investimentos deste ano, postergou pagamento de dividendos e de parte da remuneração de gestores, adiou o recolhimento do FGTS dos funcionários e pagamento de férias.

O pacote de ajustes incluiu ainda uma diminuição da produção de suas refinarias e a hibernação de plataformas onde o custo é mais elevado, entre outras ações.

A decisão foi bem recebida pelo mercado financeiro, que viu na atuação da companhia a garantia da preservação da sua saúde financeira frente ao que o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, chamou de “a maior crise sofrida pela indústria de petróleo nos últimos 100 anos”.

Para garantir o caixa, foi anunciada mais uma linha de crédito, de R$ 3,5 bilhões, que segue outra anunciada a menos de uma semana no valor de US$ 8 bilhões. O corte nos investimentos em 2020, de US$ 12 bilhões para US$ 8,5 bilhões, também traz alívio para a companhia, que tem uma das mais altas dívidas entre as petroleiras globais. A empresa não mexeu, porém, no seu plano de negócios de US$ 76 bilhões até 2024, nem na previsão de venda de ativos entre US$ 20 e US$ 30 bilhões no mesmo período.

“Podemos esperar novas revisões daqui para a frente. E vai ser ainda pior. A empresa está se preparando para um cenário ruim e precisa ter dinheiro em caixa para pagar a conta. A Petrobras estava começando a retomar os investimentos. Nem todo o anúncio feito hoje pela companhia é uma novidade. Mas a Petrobras disse o que o mercado esperava, ou seja, que vai passar por tempos ruins”, afirmou João Zuñeda, diretor da consultoria MaxQuim.

Apenas na área de recursos humanos as prorrogações e cancelamentos de pagamentos somam R$ 2,4 bilhões. A empresa se valeu da recente Medida Provisória 927, que permite postergar o recolhimento do FGTS e do pagamento de férias. Os salários dos gestores – incluindo presidente, diretores e gerentes, tiveram corte de 30%, que serão pagos posteriormente. Mas foram cancelados todos os processos de avanço de nível e promoções para os empregados em 2020.

“Há um problema grande de demanda com a pandemia e também com a questão geopolítica, por conta da briga entre Arábia Saudita e Rússia sobre a produção. As empresas estão defendendo o seu caixa. Isso vale para grandes companhias como a Petrobras e também para o dono da padaria. A Petrobras está mudando a sua agenda interna e fazendo a lição de casa ao postergar o pagamento de dividendos, a remuneração dos seus executivos, além da diminuição da produção e dos investimentos”, afirma o estrategista Renan Sujii, da Harrison Investimentos.
Queda.

O preço do petróleo teve uma queda de mais de 50% este ano, motivada pela queda da demanda pela commodity e agravada por um conflito entre a Rússia e a Arábia Saudita sobre os cortes de volume de produção. Para se ajustar ao mercado, a Petrobras cortou 100 mil barris da sua produção diária de 2,7 milhões de barris em fevereiro.

A empresa vai colocar em hibernação plataformas que tenham custo de extração por barril mais elevado, o que deixa intacta a produção do pré-sal.

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