Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2018
O ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes foi alvo de uma operação da PF (Polícia Federal). A força-tarefa, autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), foi feita em uma data não detalhada durante a última semana de maio e só agora revelada pela imprensa.
Os agentes não foram autorizados por Toffoli a ir ao gabinete do ministro no TCU, mas receberam o sinal verde para se dirigirem à casa de Nardes, onde apreenderam documentos, telefones celulares e um computador pessoal.
De acordo com investigadores, Nardes foi citado na delação premiada de Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transportes do Rio de Janeiro. O delator disse ter pago despesas pessoais do integrante do TCU, a exemplo de boletos de mensalidade da escola dos filhos do ministro, além de emprestar um apartamento em Copacabana (Zona Sul do Rio) para as festas de fim de ano.
O delator também teria detalhado operações com o empresário Fernando Cavendish, da construtora Delta. A suspeita é de que, a partir daí, recursos indevidos tenham sido repassados ao ministro do TCU.
Em contrapartida, Nardes teria beneficiado a Delta no TCU. O ministro já foi relator de alguns processos de fiscalização de obras em que a construtora atuou. Agora, os investigadores estão analisando cada um desses processos.
Nardes não é o primeiro ministro do TCU a ser citado em investigações da Lava Jato. O ministro Vital do Rego e o atual presidente da corte, Raimundo Carreiro, também já foram citados por delatores da UTC e da Odebrecht e são alvos de investigação.
Defesas
O ministro Augusto Nardes disse que ainda não teve acesso aos autos e preferiu não se manifestar. A assessoria do Tribunal de Contas da União, por sua vez, frisou que o ministro Raimundo Carreiro prestou depoimento voluntariamente às autoridades, que abriu o sigilo bancário e telefônico e que esclareceu publicamente todos os indícios apontados pela Polícia Federal ao Ministério Público.
Já o TCU salientou o fato de que os seus processos são instruídos por auditores concursados, com independência de atuação; que as decisões do tribunal são baseadas em pareceres técnicos, e levadas à apreciação dos ministros em sessão pública. O ministro Vital do Rego não se manifestou.
Currículo
Natural de Santo Àngelo (RS), João Augusto Ribeiro Nardes é graduado em administração de empresas pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, pós-graduado em política do desenvolvimento e mestre em estudos de desenvolvimento, pelo Institut Université d’Études da Suíça.
Ele iniciou a sua carreira política em sua cidade natal, como vereador (1973-1977) pela Arena, partido de sustentação à ditadura militar. De 1986 a 1990, atuou como deputado estadual pelo PDS, sendo releito pelo hoje extinto PPR (Partido Progressista Renovador.
Em 1994 elegeu-se deputado federal, sendo reeleito em 1998 e 2002. Posteriorente, renunciou ao mandato de deputado federal para assumir o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União. Em 2015, Nardes foi relator da análise das contas presidenciais do ano anterior, referente ao mandato de Dilma Rousseff, que acabaram rejeitadas por unanimidade.