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Brasil A Polícia Federal decidiu investigar o esquema de candidaturas-laranja ligado ao ministro do Turismo

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Corporação receberá na semana que as informações levantadas por promotor em Minas Gerais. (Foto: EBC)

A PF (Polícia Federal) decidiu, nessa sexta-feira, investigar o esquema de candidatas-laranja do PSL em Minas Gerais, vinculadas a Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo do governo Jair Bolsonaro.

Responsável pela apuração do caso no aspecto eleitoral, o promotor mineiro Fernando Ferreira Abreu se reuniu com delegados federais para pedir parceria na apuração. O objetivo é obter ajuda da corporação na busca de mais provas sobre as denúncias, reveladas pelo jornal “Folha de S.Paulo”.

Abreu enviará o material à PF na próxima quarta-feira, com os termos de depoimentos de pelo menos sete pessoas envolvidas na irregularidade, praticada durante a campanha do ano passado. As oitivas, que já começaram, prosseguirão na terça-feira.

De posse desses documentos, a PF vai abrir um inquérito e entrar na investigação. Paralelamente à conversa com o Ministério Público, a PF também recebeu uma representação da aposentada Cleuzenir Barbosa, candidata nas eleições passadas que diz ter se recusado a entrar no esquema dos laranjas.

O escândalo no PSL (partido do presidente Jair Bolsonaro) levou à queda do ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência), na última segunda-feira. E agora deixa em situação delicada o titular do Turismo, que já é alvo de integrantes da legenda, que defendem o seu afastamento.

As autoridades de Minas Gerais iniciaram a investigação no caso após o jornal publicar reportagem, em 4 de fevereiro, segundo a qual o ministro do Turismo, deputado federal mais votado no Estado, patrocinou um esquema de quatro candidaturas-laranja, todas abastecidas com verba pública da sigla.

Marcelo era presidente do PSL em Minas e tinha o poder de decidir quais candidaturas seriam lançadas. As quatro “laranjas” receberam R$ 279 mil da verba pública de campanha da legenda, ficando entre as 20 que mais receberam dinheiro do partido no País inteiro.

Desse montante, ao menos R$ 85 mil foram destinados a quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro de Bolsonaro. Ele nega irregularidades.

Não há sinais de que essas candidatas tenham feito campanha efetiva durante a eleição. Ao final, juntas, somaram apenas cerca de 2.000 votos, apesar do montante recebido para a campanha. Na última terça-feira, a “Folha” mostrou que o depoimento de outra candidata, Cleuzenir Barbosa, confirmou o esquema de lavagem de dinheiro público do PSL no Estado.

Segundo ela, o agora ministro do governo Bolsonaro sabia de toda a operação. Mensagens de celular dela, publicadas pelo jornal, também contradizem a versão de Álvaro Antônio e revelam cobrança para desvio de verba eleitoral. Ela diz não ter aceitado entrar no esquema.

Pressão

Sob pressão, o ministro recorreu ao foro especial quando soube da investigação no Ministério Público e pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o caso passe a tramitar na Corte. A defesa de Marcelo quer a apuração suspensa até que o Supremo decida sobre a prerrogativa de foro. O pedido foi sorteado para o ministro Luiz Fux, que cuidará da relatoria.

No ano passado, o Supremo definiu que o foro se restringe a supostos crimes cometidos no exercício do cargo e em razão dele. Além de ministro, Álvaro Antônio é deputado licenciado em segundo mandato.

A defesa afirma que os supostos ilícitos foram praticados enquanto ele era deputado federal e têm ligação com seu cargo, uma vez que o dinheiro de campanha foi parar em contas de empresas ligadas a ex-assessores de seu gabinete na Câmara.

“Observe-se o que diz a reportagem publicada no jornal ‘Folha de S.Paulo’ que versaria sobre os mesmos fatos: ‘O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, deputado federal mais votado em Minas, patrocinou um esquema de candidaturas laranjas no estado que direcionou verbas públicas de campanha para empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara’”, escreveu a defesa.

“Os fatos investigados teriam sido cometidos durante o exercício do mandato parlamentar e seriam intrinsecamente ligados ao cargo público”, sustentou na reclamação ao Supremo.

Além do esquema vinculado ao ministro do Turismo, a Folha também revelou caso semelhante em Pernambuco, que causou a maior crise no governo Bolsonaro até agora, levando à queda de Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência.

 

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