Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de fevereiro de 2019
A PF (Polícia Federal) chamou para depor mulheres que teriam atuado como candidatas-laranjas do PSL — partido do presidente, Jair Bolsonaro — em Minas Gerais nas eleições do ano passado. Uma delas, a principal suspeita, está no exterior. Segundo um policial, ela saiu do País por medo, mas já informou que voltará ao Brasil para prestar os esclarecimentos necessários. A apuração do caso ocorre dentro de um procedimento preliminar. Pela lei, a Polícia Federal só pode abrir inquérito sobre o assunto a pedido da Justiça Eleitoral.
Em uma reportagem no início deste mês, a “Folha de S.Paulo” informou que quatro candidatas do PSL de Minas teriam sido usadas como laranjas, numa estrutura patrocinada pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. O ministro era presidente do PSL no Estado no período das supostas fraudes. Segundo o jornal, as quatro candidatas receberam R$ 279 mil durante a campanha e, mesmo assim, receberam pouco mais de dois mil votos.
Parte dos recursos repassados às candidatas teria sido repassado para empresas de pessoas com algum vínculo com o ministro do Turismo. Não há, até o momento, indicativo de que as candidatas tenham mesmo feito campanhas eleitorais que justificassem os gastos com o dinheiro público repassados a elas com base nas regras eleitorais. Para investigadores, a melhor alternativa para começar o botar o caso em pratos limpos seria a intimação das suspeitas. Mas, como não há inquérito aberto, a polícia se limitou a fazer os convites.
Pernambuco
A Polícia Civil de Pernambuco investiga denúncias de desvio de dinheiro público publicadas pelo jornal “Folha de S.Paulo” no último domingo (10). De acordo com a publicação, a candidata a deputada federal pelo PSL em Pernambuco Lourdes Paixão teria atuado como “laranja” nas eleições 2018.
Lourdes Paixão recebeu R$ 400 mil da direção nacional do PSL. Ela obteve 274 votos no pleito de 2018. O valor recebido por ela é o terceiro maior concedido pelo partido.
A reportagem afirma que um grupo ligado ao presidente do PSL, Luciano Bivar, eleito deputado federal por Pernambuco, teria feito de Lourdes Paixão uma candidata “laranja”. Bivar foi eleito, no dia 1º de fevereiro, o segundo vice-presidente da Câmara Federal.
O dinheiro do fundo partidário foi enviado para a candidata pela direção do PSL, que tinha como presidente, na época, o atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
A denúncia foi o estopim de uma crise no governo federal, que se agravou após o vereador Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), desmentir o ministro. Bebianno disse, na terça (12) ao jornal “O Globo”, que teria conversado sobre o assunto três vezes com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) enquanto este estava internado em um hospital em São Paulo.
Em uma rede social, o vereador classificou a afirmação de Bebianno como “mentira absoluta” e divulgou um áudio que mostra Jair Bolsonaro se recusando a falar com o ministro. Depois, o presidente compartilhou as mensagens do filho na mesma rede social. Diante da crise, passou a ser cogitada a saída do ministro do governo. Ao blog de Andréia Sadi, Bebianno voltou a afirmar que não existe crise e que não pretende pedir demissão.
Investigação
A investigação da Polícia Civil de Pernambuco sobre a suposta candidatura “laranja” está a cargo do Departamento de Repressão ao Crime Organizado e Corrupção. De acordo com a assessoria da Polícia Civil em Pernambuco, o procedimento é chamado de Verificação Preliminar de Investigação, que acontece antes da abertura do inquérito.
A PF também apura o caso e intimou Lourdes a depor. O depoimento estava marcado para quinta-feira (14), às 11h, mas houve um pedido para adiamento, feito pelo advogado da candidata. Uma nova data ainda não foi marcada.
Lourdes deve ser ouvida no que a PFchama de “registro especial”, um procedimento anterior à abertura de inquérito, para verificar se há indícios suficientes para justificar uma investigação.