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Polícia Federal pede ao Supremo a abertura de inquérito sobre a suspeita de cobrança de propina no funcionamento da CPI das Bets no Senado

A CPI das Bets colheu, em 26 de novembro, os primeiros depoimentos sobre os impactos das empresas de apostas na economia brasileira. (Foto: Roque Sá/Agência Senado)

A denúncia de que um lobista se apresentaria a representantes de casas de apostas com a promessa de blindá-los de convocações e indiciamentos na CPI com base na influência que teria sobre integrantes da comissão, fez com que a Polícia Federal pedisse ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para apurar a suspeita de cobrança de propina no funcionamento da CPI das Bets, comissão em curso no Senado. A entrada da PF no caso foi noticiada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão.

Pelo menos um pedido de propina teria sido feito pelo lobista Silvio Barbosa de Assis ao empresário Fernando Oliveira Lima, o Fernandin Oig, de Teresina (PI). Os advogados de Fernando Lima não comentaram. A reportagem não conseguiu contato com Silvio de Assis. Ele tem negado a denúncia e afirmado que comparece às reuniões da CPI por interesse na produção de um documentário sobre o tema.

Em funcionamento desde o início de novembro, a CPI foi criada para investigar “a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras”. O colegiado é presidido pelo senador Hiran Gonçalves (PP-RR) e tem a senadora Soraya Thronicke (PodemosMS) como relatora.

Soraya é próxima de Silvio de Assis e emprega um irmão dele no gabinete. A parlamentar afirmou que tem sido ameaçada e intimidada por senadores que atuam conforme o interesse das bets e que agem para que elas não sejam investigadas. Em nota, a senadora disse que tem “recebido denúncias graves e preocupantes sobre o possível envolvimento de parlamentares e seus familiares em esquemas ilícitos, incluindo a realização de lobby para empresários donos de sites de apostas ilegais e influenciadores, com o objetivo de evitar convocações para comparecimento à CPI”.

Jogo do Tigrinho

Fernando Lima é dono do One Internet Group (Oig), empresa baseada no Piauí, e apontado como um dos principais difusores do “jogo do tigrinho” no Brasil. Ele chegou a ser convocado pela CPI e prestou depoimento no dia 26.

A convocação do empresário foi requerida pela relatora. No depoimento, ele afirmou que sua empresa tem autorização para funcionar no Brasil e segue as regras mais recentes do Ministério da Fazenda.

A reportagem ouviu três empresários de casas de apostas que só aceitaram falar sob reserva. Eles afirmaram que Silvio de Assis estabeleceu contatos com representantes do segmento e com senadores que viriam a compor a comissão tão logo ela foi confirmada. A consulta seria para oferecer o serviço de “relações governamentais”.

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) também pediu para que a Procuradoria-Geral da República abra investigação.

Com a suspeita de propina, uma parte dos membros da CPI, especialmente os mais próximos à “bancada das bets”, afirma que a credibilidade dos trabalhos da comissão está ameaçada. A ideia é pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para esvaziar o colegiado e encerrá-lo por antecipação. (Estadão Conteúdo)

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