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Política A Polícia Federal resgatou 30 mil espionagens feitas pela Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, durante a gestão Bolsonaro

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Durante a gestão Bolsonaro, a Abin foi comandada pelo seu correligionário Alexandre Ramagem (dir.)

Foto: Carolina Antunes/PR
O áudio faz parte das provas de uma investigação da PF sobre um funcionamento paralelo da Abin no governo Bolsonaro. (Foto: Carolina Antunes/PR)

A Polícia Federal (PF) resgatou pelo menos 30 mil monitoramentos ilegais feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro à frente da Presidência da República. Entretanto, esses registros haviam sido apagados e havia apenas 1,8 mil ainda disponíveis. A informação dos monitoramentos recuperados é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

O órgão foi alvo da operação Última Milha, em 20 de outubro. Além de ter o prédio vasculhado, dois servidores da Abin foram presos e outros tiveram os endereços como alvo de buscas e apreensões. A estimativa é de que os peritos da PF levem um mês para analisar esses monitoramentos. A corporação afirma que a Abin teria realizado espionagens ilegais, inspecionando a localização de ministros, políticos, jornalistas e advogados.

Essas espionagens eram realizadas por meio de um programa chamado FirstMile, produzido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e comprado pelo governo brasileiro em 2018, ainda na gestão de Michel Temer. A ferramenta detecta os sinais de 2G, 3G e 4G trocados entre celulares e torres de telecomunicações e fornece a localização dos aparelhos. Para isso, basta, para a busca, ter o número do telefone.

Nos 1.800 monitoramentos que foram inicialmente encontrados pela PF, havia um homônimo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o que reforça o indício de que ele foi um dos alvos da espionagem. As demais pessoas da lista estão sob o sigilo das investigações. Durante a gestão Bolsonaro, a Abin foi comandada pelo seu correligionário Alexandre Ramagem (PL-RJ), que era delegado da PF e nas eleições do ano passado foi eleito deputado federal.

Ramagem fez a segurança do ex-presidente depois do atentado em Juiz de Fora, em 2018, e caiu nas graças da família Bolsonaro. Prova disso é a proximidade com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que se interessava pelo funcionamento da inteligência do governo do pai.

O agora parlamentar emprega, no seu gabinete de deputado, uma empresa de comunicação comandada por dois ex-integrantes do “gabinete do ódio”, uma rede de comunicação ancorada no disparo de fake news. O “gabinete” era encabeçado por Carlos Bolsonaro. As investigações da PF sobre a espionagem ilegal feita pela Abin colocam Ramagem e os Bolsonaro na mira. Isso porque, além de uma eventual responsabilidade vinda da gestão, em vários momentos o ex-presidente mencionou que possuía uma “Abin paralela”.

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