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Rio Grande do Sul Concluído o inquérito sobre o assassinato do menino Rafael, no Interior gaúcho. Autora confessa do crime, a mãe foi indiciada por homicídio intencional, ocultação de cadáver e falsidade ideológica

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Rafael foi dopado e estrangulado em maio de 2020 na cidade de Planalto. (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil gaúcha concluiu nesta quinta-feira (2) o inquérito sobre o assassinato do menino Rafael Mateus Winques, 11 anos, cometido no dia 15 de maio no município de Planalto, Região Norte do Estado. Autora confessa do crime, a mãe da criança foi indiciada por homicídio doloso (intencional) qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica.

O documento tem 1.370 páginas e resulta de uma apuração iniciada a partir da comunicação, feita pela mulher, sobre o desaparecimento do filho. Durante dez dias, autoridades e membros da comunidade se mobilizaram em buscas pelo garoto, até que os investigadores, desconfiados em relação a atitudes e depoimentos dela, obtiveram a confissão, no dia 25 de maio.

A então suspeita acabou relatando ter matado o próprio filho, de forma acidental por overdose de calmante Diazempam (para supostamente acalmar o menino, que estava agitado), e em seguida ocultado o corpo no pátio da casa de uma família vizinha, que estava viajando. Ao longo do inquérito, porém, a mulher acabou entrando em contradições e um laudo pericial apontou que a verdadeira causa da morte havia sido estrangulamento (asfixia mecânica com o uso de uma corda).

“Conforme a polícia, todo o conjunto probatório apontava para uma morte intencional, provocada pela ação voluntária e desejada”, frisou nesta quinta-feira a Polícia Civil. A mulher está em uma cadeia da Região Metropolitana de Porto Alegre desde o mês passado e a sua prisão preventiva já foi solicitada.

A investigação apontou ainda que Rafael vinha, de forma reiterada, desobedecendo às ordens de Alexandra no que diz respeito ao uso do celular, chegando-se ao motivo para o crime ocorrido na madrugada do dia 15 de maio de 2020, o que foi corroborado em seu ato de interrogatório.

Mudança de versão

No sábado passado (27), ao prestar mais um depoimento à Polícia Civil, a autora confessa mudou pela primeira vez a sua versão de que o homicídio havia sido culposo (sem intenção). Ela disse que estrangulou o menino de 11 anos com uma corda de varal, em um momento de descontrole emocional porque a criança estava desobediente e teimava em permanecer jogando no telefone celular.

Até então, a mulher de 33 anos sustentava o relato de que Rafael havia falecido devido a uma overdose acidental do calmante e que as marcas de asfixia mecânica no pescoço do garoto haviam sido causadas durante o deslocamento do corpo até uma casa vizinha, onde foi feita a ocultação, dentro de uma caixa.

Pela nova versão, na noite do incidente o menino estava agitado e se recusava a dormir, teimando em permanecer entretido em jogos no telefone celular. A mãe então forneceu o remédio e foi para cama, mas duas horas depois descobriu que a criança (o mais novo de dois filhos e cujo pai vivia em outra cidade desde a separação do casal).

“A investigada então teria perdido o controle da situação e então foi até a área de serviço, pegou uma corda, fez um laço e o estrangulou”, declarou em coletiva de imprensa o diretor de investigações do Departamento de Homicídios, Eibert Moreira Neto. “O menino se debate, caiu no chão e sofre uma lesão na costela, aspecto confirmado pela necropsia.”

Ainda de acordo com o depoimento, a mãe deixou o filho no quarto com a corda no pescoço e retornou minutos depois, percebendo então que ele havia falecido. Sem conseguir encarar a face do menino morto, a mulher envolveu a cabeça da vítima em uma sacola de plástico, tomou o corpo nos braços.

O passo seguinte foi levar até uma área de serviço na casa ao lado, já sabendo que ali havia uma caixa e que os donos do imóvel estavam viajando. Nos depoimentos anteriores à Polícia Civil, a mulher havia alegado ter utilizado a corda apenas para arrastar o corpo do filho até o local da ocultação.

Sem cúmplices

Ainda de acordo com o inquérito, a mulher agiu sozinha. Na avaliação dos investigadores, todos os elementos permitiram concluir que não houve cúmplices e que o irmão de Rafael, um adolescente de 17 anos, permaneceu alheio ao crime mesmo estando em casa.

Ele dormia em um quarto ao lado ao do caçula, mas nada viu ou ouviu, pois – a exemplo da vítima – também se divertia ao celular. Além disso, utilizando um fone de ouvido e permanecia com cobertor até a cabeça, a fim de evitar que a mãe também o repreendesse pelo gesto àquela hora.

(Marcello Campos)

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