O presidente em exercício, Hamilton Mourão, classificou nesta quarta-feira, 23, como “retórica e ilação” a possibilidade de fechar a Embaixada da Autoridade Palestina no Brasil. Durante a campanha eleitoral, no ano passado, o presidente Jair Bolsonaro prometeu que iria retirar a representação diplomática em Brasília porque “a Palestina não é um país”.
Mourão, destoando da promessa de campanha de Bolsonaro, lembrou que o embaixador brasileiro na ONU (Organização das Nações Unidas), Frederico Meyer, defendeu uma solução de dois Estados na região, o israelense e o palestino. “Não, nada disso”, declarou o presidente em exercício, quando lembrado da promessa de Bolsonaro. “Os dois Estados são reconhecidos. O resto tudo é retórica e ilação, aguardem. Como é que falou o embaixador alemão? Aguardem os atos, né?”
Ao fazer a declaração, Mourão se referiu ao embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, que o visitou na segunda-feira. Após a audiência, Witschel relatou que a visão de parte dos alemães em relação ao governo de Jair Bolsonaro é “bastante crítica” e preocupante por causa dos discursos de campanha do brasileiro. “O que nós queremos é medir o novo governo segundo os atos, segundo os fatos, e não segundo os tuítes e as palavras durante a campanha”, disse o embaixador.
Mourão nega interferência no Senado
Hamilton Mourão negou que o Planalto esteja interferindo na eleição da Mesa Diretora do Senado. Segundo o jornal Estado de S. Paulo, o governo Jair Bolsonaro estaria tentando manter o senador Renan Calheiros (MDB-AL) como candidato rival na disputa pela presidência da Casa.
“Não, nada”, respondeu Mourão nesta quarta (23), quando questionado se havia interferência do governo na eleição do Senado ao chegar para despachar em seu gabinete.
Na terça, o pré-candidato do PSL, partido do presidente, Major Olimpio, disse que via com incômodo a suposta interferência do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em prol de seu partido, o Democratas, na eleição da Casa. O senador Davi Alcolumbre é o pré-candidato do DEM. “Cada um esperneia como quer. Eu acho que o governo tem de ser governo, se alguém estiver com condutas partidárias, muitas vezes pode atrapalhar o governo”, disse.
Mais cedo na terça, a líder do MDB no Senado, Simone Tebet, disse que decidiu disputar a presidência da Casa depois de receber sinalizações desta “interferência”. Ela disputa a indicação do partido contra Renan Calheiros. Nos bastidores, Onyx estaria estimulando Alcolumbre a continuar em campanha e conquistar os votos necessários para vencer a disputa.
“Causa um desconforto porque quem fala pelo governo de Bolsonaro é o presidente. Ele disse a mim ‘não vou interferir no processo, em eleições nem na Câmara nem no Senado. Aqueles que o fizeram (antecessores na Presidência) se arrebentaram. E ele está mais do que certo nisso”, disse Olimpio.