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A presença do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello em ato político pode abrir nova crise militar no governo Bolsonaro

Pazuello, de acordo com fontes das Forças Armadas, não pediu autorização ao Comando do Exército para ir ao ato. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A presença do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello em uma manifestação político-partidária, neste domingo (23), no Rio de Janeiro criou um constrangimento para o Comando do Exército e pode abrir uma nova crise militar no governo de Jair Bolsonaro. Isso porque Pazuello é general de divisão da ativa e como, todo militar da ativa, está proibido pelo Estatuto dos Militares e pelo Regulamento Disciplinar do Exército de participar de manifestações coletivas de caráter político.

O regulamento lista transgressões disciplinares e entre elas está: “Manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”. Também são vedadas manifestações coletivas de caráter político aos militares da ativa. Não há notícia de que o Comando do Exército tenha autorizado o general a participar da manifestação. Mesmo ciente das restrições legais, Pazuello resolveu exibir-se ao lado do presidente, um militar reformado do Exército com quem serviu nos anos 1980 na Brigada Paraquedista no Rio.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o Comando do Exército deve analisar o caso nesta segunda-feira (24). Até o começo da tarde deste domingo, a instituição não havia se pronunciado sobre o caso.

Na quarta-feira, dia 19, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara que os militares da reserva podem participar de manifestações, ao contrário dos que estão na ativa. “Os da ativa não podem e serão devidamente punidos se aparecerem em manifestações políticas”.

O temor no exército é que, se Pazuello ficar impune, os comandantes de unidades percam a autoridade para punir, eventualmente, sargentos ou tenentes que resolvam seguir o exemplo do general, inclusive os que resolverem participar de atos políticos de partidos de oposição.

O PSDB publicou, em seu perfil no Twitter, uma nota criticando a participação de Pazuello no ato: “Um General de Divisão do Exército Brasileiro participando de um evento de natureza política não condiz e não respeita a instituição da qual faz parte”, diz parte do texto.

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, também pediu a punição de Pazuello. Para ele, a participação do ex-ministro no ato foi, ao mesmo tempo, um atentado contra a saúde pública e “um ato político de extrema-direita”. “O Alto Comando do Exército não pode deixar passar tal gesto de quebra de hierarquia e indisciplina”, disse Freire, em nota. Segundo ele, as Forças Armadas devem deixar claro que não serão transformadas em instrumento político.

O presidente Jair Bolsonaro participou de um passeio com motociclistas no Rio na manhã deste domingo (23). No final do ato e com a máscara no queixo, Pazuello passou no meio da multidão de apoiadores e subiu no carro de som onde estava o presidente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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