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Brasil A presidenciável Manuela D’Ávila disse que não se incomodou de ser chamada de garota bonita por Lula

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Manuela D’Ávila (PCdoB) e o ex-presidente Lula em foto do último dia 23, em São Leopoldo. (Foto: Ricardo Stuckert)

Ao se voltar à presidenciável Manuela D’Ávila (PC do B), logo no começo de seu discurso neste sábado (7), Lula a chamou de “garota” e lhe tascou de cara o adjetivo “bonita”. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O destaque a atributos físicos de uma mulher cuja ocupação nada tem a ver com sua aparência é crítica comum no discurso feminista.

Questionada pela Folha, a deputada estadual gaúcha de 36 anos disse que não se incomodou com a reverência do ex-presidente.

“Ele se referiu a mim como uma mulher que acredita na política e que pertence a uma geração que vai transformar ela”, afirmou Manuela, que no trio elétrico combinava a camisa #LulaLivre com uma bolsa onde se lia “lute como uma garota”.

A frase virou um slogan feminista ao reverter a ideia de que garotas são ruins de briga e devem ser protegidas.

Redes sociais

Se Manuela não se amolou com a fala de Lula, o mesmo não pode se dizer de mulheres que foram às redes sociais denunciar o que consideraram machismo da parte do petista.

“Não pode, migo. Isso nunca deve ser usado em primeiro lugar. Mulher não é só isso, viu?”, disse uma usuária do Twitter. “O machismo é discreto e cheio de raízes”, reclamou outra.

Muitos homens com perfis alinhados à direita também chamaram atenção para o tratamento, o que levanta uma discussão incubada no campo progressista – se vale a pena correr o risco de ter uma crítica a Lula, cujas bandeiras são mais coerentes com as demandas feministas, reapropriada por opositores para desmoralizar o petista.

Seria um repeteco da “polêmica do grelo duro”. A expressão veio à tona em 2016, com uma conversa entre Lula e seu ex-ministro de Direitos Humanos Paulo Vannuchi grampeada pela Polícia Federal.

O ex-presidente cobrava que congressistas do PT fizessem coro contra um procurador de Rondônia que o investigava.

“Ele batia na mulher, levava a mulher no culto religioso, deixava ela sem comer, dava chibatada nela, sabe? Cadê as mulheres de grelo duro lá do nosso partido?”

O termo “grelo [clitóris] duro” chocou muitas mulheres, que identificaram o termo chulo com uma atitude grosseira.

Na época, em entrevista à Folha, a escritora e ativista feminista Daniela Lima frisou o aspecto regional da fala. “Essa expressão é muito utilizada no Nordeste e é sinônimo de mulher forte.”

E frisou: “Se Lula dissesse que um homem é ‘pica grossa’, por exemplo, não causaria nenhum espanto. Isso reflete o lugar destinado ao corpo feminino em nossa sociedade e quais são as qualidades impostas a esse corpo, tais como fragilidade e docilidade”.

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