Quinta-feira, 17 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2023
A presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, admitiu que acha “muito ruim” as especulações sobre sua eventual demissão do cargo. Na avaliação dela, o objetivo das notícias seria “criar instabilidade” e “paralisar” o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Eu estou aqui, estou trabalhando. O cargo é do presidente da República, ele que avalia. Não existe nada de concreto em relação a isso [troca na presidência da Caixa]. Quero dizer que acho muito ruim [essa especulação], me parece que o objetivo dessas notícias é criar instabilidade no governo e paralisar as atividades. Temos uma agenda cheia para o próximo período, então estamos trabalhando firme e forte”, disse.
Apesar das críticas da executiva, o governo Lula segue negociando nos bastidores com o Centrão, grupo político ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que decidiu aderir à base aliada. Neste sentido, interlocutores do Palácio do Planalto admitem que o bloco apresentou, sim, uma lista de desejos que inclui justamente o comando da Caixa.
Além disso, o Centrão também teria pedido os ministérios do Esporte, do Desenvolvimento Social e a Funasa, órgão ligado ao Ministério da Saúde. Nesta semana, a ministra do Esporte, Ana Moser, também negou ter discutido trocas na pasta com o presidente da República, embora o órgão faça parte das conversas, nos bastidores.
Mal-estar
A eventual substituição no comando do banco não se deve apenas por conta do acordo entre Lula e o Centrão. Um dos motivos para o Palácio do Planalto considerar a demissão de Rita é que ela não estaria agradando.
Há algumas semanas, o governo teve de desmentir que a Caixa passaria a taxar transações do Pix Pessoa Física. O anúncio gerou mal-estar já que, segundo interlocutores, a medida teria sido tomada sem nenhum tipo de consulta à Presidência e ao Ministério da Fazenda.
Questionado sobre o assunto, o ministro das Cidades, Jader Filho, evitou falar sobre a permanência ou não de Rita Serrano no cargo, mas agradeceu o empenho dela no trabalho em torno do novo Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que foi sancionado nessa quinta-feira em cerimônia no Planalto.
A repercussão sobre o tema fez com que o evento se convertesse, inclusive, num ato de defesa da atual presidente da Caixa. Representantes dos movimentos de moradia presentes na cerimônia, que foram escalados para discursar no evento, aproveitaram para defender que ela fique no cargo.
“Reafirmamos que a nossa presidenta é você, Rita Serrano. Só é possível avançar nas conquistas dos direitos sociais da classe trabalhadora quando temos um governo comprometido com o projeto democrático. Pelo direito a moradia no campo e por uma Caixa pública, democrática, Rita Serrano fica”, disse Jéssica Brito, representante do Movimento Camponês Popular.
A dirigente da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), Bartira Costa, também fez o mesmo pedido ao entoar o coro junto ao público presente. “Rita Fica”, “Rita Fica”, repetiu. O ato de desagravo aconteceu na presença do próprio presidente Lula, que participou da cerimônia e vem negociando cargos com o Centrão.