Sábado, 19 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 21 de agosto de 2018
A cantora Alcione compartilhou um vídeo em seu perfil no Instagram que surpreendeu seus seguidores. Nas imagens, ela canta o clássico “Não Deixe o Samba Morrer” acompanhada da ministra Carmen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. O encontro ocorreu nos bastidores do seminário “Elas por Elas”, realizado na sede da Suprema Corte para discutir a igualdade entre mulheres e homens na sociedade.
No evento, Cármen Lúcia pediu atenção à “dignidade” das mulheres ressaltando que a população feminina não é respeitada mesmo sendo maioria na sociedade. Compunham a mesa de abertura, além dela, a presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministra Rosa Weber, a presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Laurita Vaz , a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a advogada-geral da União, Grace Mendonça, e a procuradora-geral junto ao Tribunal de Contas da União, Cristina Machado.
“Nós, mulheres, somos a maioria da população. É estranho que não sejamos respeitadas naquilo que é o mais central, o respeito à dignidade da pessoa humana”, disse Cármen.
A ministra lembrou casos recentes de feminicídio e destacou que homens e mulheres precisam se unir para lutar pela igualdade de gênero.
“Por essa conjuntura, resolvemos nos reunir para falar sobre a situação do Brasil quando vemos notícias bárbaras de feminicídio, muitas cenas de assassinato de mulheres por sua condição de mulher. Precisamos ter os homens e as mulheres juntos para lutarmos pela igualdade de condições, tentando construir um mundo muito melhor, porque esse que aí está não é uma herança boa para os que estão chegando.”
A presidente do STF ainda ressaltou que as mulheres não devem ter vergonha quando sofrerem violência doméstica, e lembrou que o Conselho Nacional de Justiça tem, desde 2017, um cadastro de agressores.
“Este é um caso que nada tem a ver com afetom amor, ciúme. É exercício de poder, de mando, é uma perversidade que precisa ser contrariada. O silêncio começa a ser vencido.
A presidente do TSE, Rosa Weber, falou sobre a presença das mulheres na poítica. “Há uma verdadeira subrepresentação feminina”, disse, lembrando que a cota de 30% de candidaturas de mulheres só veio a ser respeitada em 2012.
Na eleição de 2016, segundo a presidente do tribunal, esse percentual chegou a 31,9%. Os dados da Justiça Eleitoral, contudo, mostram que há mais eleitoras mulheres do que homens. Ao todo, 52,5% do eleitorado brasileiro em 2018 são formados por mulheres, que somam 73 milhões de votantes.
“Façamos, ao exercer todas nós esse direito essencial da cidadania que é o voto, a diferença para o Estado democrático de direito com a consciência de que em nossas mãos está o destino do País”, disse Rosa.
No tribunal, Rosa foi a relatora da consulta sobre a destinação de 30% dos recursos do Fundo Eleitoral e do tempo de campanha em rádio e TV para as candidatas femininas. Ela deu o voto favorável, seguido por unanimidade pela Corte.
Recorde
A presidente do STJ, Laurita Vaz, aproveitou para falar do cenário da participação feminina nestas eleições e chamou a atenção para o recorde de mulheres disputando o cargo de vice-presidente e a cota de financiamento de candidaturas femininas, que equivale a 30% do fundo eleitoral partidário.
“Seria coincidência ou uma demonstração de que a velha política tem se adaptado para a autopreservação?”, provocou a ministra.