Terça-feira, 18 de março de 2025
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2023
O presidente Lula da Silva foi alertado de que o governo perdeu o debate da segurança pública. Também está ciente de que o PT credita parte da culpa ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que tem o cargo ameaçado. A pressão para que saia do comando da Segurança Pública deu propulsão a sua eventual indicação para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Os petistas reclamam que, em nove meses de gestão, o governo não tem nenhum projeto robusto no setor e reivindicam o controle da pasta. E, como o governo não tem uma marca no setor, Lula e seu partido não conseguem se livrar do fantasma da violência urbana e policial na Bahia, Estado governado pelo PT há 16 anos.
Um membro da cúpula petista fez críticas a verborragia do ministro. “Dino falou demais e a respeito de tudo no começo, mas não mostrou resultado. Fez um programa de segurança nas escolas com algumas diretrizes na contramão das pautas da esquerda e o Pronasci é praticamente insignificante”, listou um petista da cúpula da sigla.
Se Lula escolher Dino para o Supremo Tribunal Federal, vai desagradar a grande parte do PT. Muitos trabalham pela indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias. E, na disputa pela vaga, a aposta em Brasília é de que o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, também continua no páreo.
Flávio Dino fez uma manobra para evitar ser convocado para explicar o sumiço das gravações dos ataques de 8 de janeiro das câmeras de segurança do prédio do ministério. Informou à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara que vai voluntariamente. Mas não disse a data.
Linha de frente
Auxiliares do presidente ponderaram que, de todos os ministros do governo, Dino é o que tem a postura mais incisiva no enfrentamento do bolsonarismo e da direita como um todo. No campo da retórica, o Planalto avalia que o ministro venceu todos os embates, no Congresso, com deputados e senadores de oposição. E, na prática, acredita que Dino tem atuado com rigor para punir supostas irregularidades de aliados de Bolsonaro.
Caso migre para o STF, ponderam interlocutores de Lula, Dino deixará uma lacuna para a qual, até o momento, não há um substituto com o perfil considerado adequado. Junto a Fernando Haddad (Fazenda), ele é apontado como um dos principais ativos do governo na Esplanada.