Domingo, 29 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de dezembro de 2024
A prévia da inflação oficial no País mostrou desaceleração no último mês do ano. As contas de luz deram trégua, mas os alimentos voltaram a encarecer. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) arrefeceu de uma alta de 0,62% em novembro para 0,34% em dezembro – a taxa mais baixa para o mês desde 2018, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do recuo no mês, o IPCA-15 encerrou o ano em 4,71%, portanto acima do teto (4,5%) da meta de inflação de 3,0% perseguida pelo Banco Central (BC), com tolerância de 1,5 ponto porcentual.
A leitura qualitativa do índice de dezembro não foi boa, observou a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória. Segundo a economista, o resultado corroborou os mais recentes comentários do BC, que expressam a visão de um mercado de trabalho aquecido, colocando pressão sobre os preços dos serviços. Assim, o IPCA-15 reforça a tendência de que o Comitê de Política Monetária (Copom) leve adiante o plano de subir a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto porcentual em ambas as primeiras reuniões de 2025.
Para o economista Adriano Valladão, do banco Santander, os aumentos de preços tanto dos bens industriais quanto dos serviços superaram as expectativas. Houve repasses do encarecimento das carnes sobre os serviços de alimentação fora do domicílio, além de descontos menores na campanha promocional da Black Friday, especialmente em vestuário e smartphones.
Mesmo que a surpresa da prévia de dezembro possa reduzir ligeiramente o resultado do IPCA fechado de 2024, Valladão observa que a disseminação nos aumentos de preços e o comportamento dos núcleos (que exclui choques temporários) sugerem que a inflação pode subir para algo entre 5,5% e 6% até meados de 2025.
Entre as nove classes de despesas integrantes do IPCA-15, o grupo Alimentação e bebidas registrou a maior elevação de preços em 2024, 8,00%, seguido por Educação (6,82%) e Saúde e cuidados pessoais (6,03%). Os gastos com Transportes subiram 2,32% em 2024; Habitação, 3,44%; Despesas pessoais, 5,12%; Comunicação, 2,99%; Artigos de residência, 0,83%; e Vestuário, 2,25%.
Na direção oposta, a energia elétrica residencial recuou 5,72% em dezembro, impedindo uma inflação ainda mais pressionada. A conta de luz ficou mais barata com a entrada em vigor da bandeira tarifária verde em substituição à amarela, desde 1.º de dezembro. Além disso, houve reduções tarifárias em Brasília e em uma das concessionárias de São Paulo. (Estadão Conteúdo)