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Por Redação O Sul | 30 de novembro de 2018
A prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, na manhã de quinta-feira (29), como parte da Operação Lava-Jato, foi noticiada por diversos veículos de imprensa no exterior.
Segundo o MPF, há provas documentais do pagamento em espécie a Pezão de quase R$ 40 milhões, em valores de hoje, entre 2007 e 2015. Ainda conforme o MPF, o valor é incompatível com o patrimônio declarado pelo emedebista à Receita Federal.
Clarín
O jornal argentino “Clarín” abre sua matéria dizendo que o governador do Rio de Janeiro “viverá um melancólico final de sua gestão”, ao anunciar sua prisão ocorrida esta manhã no Palácio das Laranjeiras, “apesar de ter a imunidade do exercício do cargo”.
BBC
O site da rede britânica BBC noticiou a prisão, dizendo que Pezão é acusado de receber propinas quando era vice-governador do Rio de Janeiro, entre os anos 2007 e 2014, mas que alega ser inocente.
Le Monde
O jornal francês “Le Monde” informa que Pezão é suspeito de receber 40 milhões de reais (cerca de 9 milhões de euros) em propinas entre 2007 e 2015, segundo a Polícia Federal. O jornal diz ainda que imagens da Rede Globo, ao vivo, mostraram quando o governador recebeu os agentes, quando tomava café da manhã.
El País
O espanhol “El País” diz em sua matéria sobre a prisão que o governador do Rio de Janeiro teria recebido, segundo as acusações do juiz, US$ 39 mil mensais durante sete anos. O jornal não usa o termo Lava-Jato, e chama a investigação de “o caso Petrobras”.
Publico
Em Portugal, o jornal “Publico” diz que Luiz Pezão foi detido a apenas um mês de terminar o mandato. Segundo o jornal, “procuradora-geral diz que foi necessária detenção, no âmbito da operação Lava-Jato, porque ‘estão a acontecer crimes muito graves'”.
Bens de Pezão são bloqueados
A Justiça determinou na quinta-feira (29) uma medida liminar de bloqueio de bens do governador Luiz Fernando Pezão, no valor de R$ 8,9 milhões em decorrência de ilícitos envolvendo as obras de reforma do Estádio Mário Filho, o Maracanã, atendendo a um pedido do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção. A decisão foi proferida pela 3ª Vara da Fazenda Pública do Rio no âmbito de uma ação civil pública (ACP), ajuizada na segunda-feira passada (26) pelo MPRJ contra Pezão por ato de improbidade administrativa.
Segundo as investigações, durante as obras de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014, Pezão, que na época era secretário estadual de Obras, coordenador executivo de Projetos e Obras de Infraestrutura e vice-governador do Estado, não seguiu recomendações do TCE (Tribunal de Contas do Estado) para consultar o COI (Comitê Olímpico Internacional) sobre os requisitos para o uso do estádio nos Jogos Olímpicos de 2016, de modo a promover os ajustes para atender ambas as competições e evitar o desperdício indevido de recursos públicos.
De acordo com a ACP, a omissão causou danos ao erário de R$ 2,9 milhões. O prejuízo teria sido causado pela contratação da empresa GE Iluminação do Brasil Comércio de Lâmpadas para trocar o sistema de iluminação do estádio pouco tempo depois do término da reforma anterior.
Auditoria do TCE
Ainda em 2011, mesmo antes de 16 aditivos ao contrato que fizeram o custo final da obra superar R$ 1,3 bilhão, auditoria do TCE constatava que o Maracanã também sediaria as cerimônias de abertura e de encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 e, por isso, alertava que adequações às exigências do Comitê Olímpico Internacional deveriam ser consideradas nos projetos básico e executivo da reforma em andamento, para evitar outras obras nos anos seguintes.
Apesar de notificado em 29 de julho de 2011, Pezão, então secretário de obras, sequer respondeu à Corte de Contas. Em 2013, o TCE comunicou a Pezão que ele seria pessoalmente responsabilizado por eventuais novos gastos com adaptações no estádio para os eventos de 2016. A recomendação do tribunal pretendia atender ao princípio da economicidade, de modo a empregar as verbas públicas com melhor relação custo-benefício, evitando desperdícios de recursos, como havia ocorrido em oportunidade anterior, quando milhões de reais investidos na reforma do mesmo estádio para os Jogos Pan-Americanos de 2007 foram perdidos em razão da demolição e reconstrução parcial do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.