Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 4 de agosto de 2019
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, negou sofrer pressão para afastar o procurador Deltan Dallagnol da coordenação da força-tarefa da Lava-Jato, na esteira do conteúdo das mensagens publicadas pelo site The Intercept Brasil com diálogos dele.
Após requisitar à PF (Polícia Federal) as mensagens hackeadas de autoridades, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) passaram a articular o afastamento de Deltan do comando da Lava-Jato, em Curitiba, e que Raquel Dodge tem sido pressionada a tomar essa medida.
Em nota, a PGR (Procuradoria-Geral da República) negou. “A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não sofreu qualquer pressão de qualquer tipo para determinar a medida de afastamento referida na matéria, de quem quer que seja”, diz o texto. Ainda segundo a nota, Dodge não convocou reunião de emergência na PGR para discutir o assunto.
“Mais do que isso, [a PGR] esclarece que o princípio constitucional da inamovibilidade é garantia pessoal do procurador Deltan Dallagnol, de não ser afastado dos processos da Lava-Jato, dos quais é o promotor natural, na condição de titular do ofício onde tramitam todos os processos deste caso”, sustentou.
“Em suma, a procuradora-geral da República não convocou, nem fez reunião na quinta-feira [1º], nem em qualquer outra data anterior ou posterior, com o propósito de afastar o procurador Deltan Dallagnol de seu ofício ou da Lava-Jato”, conclui o texto divulgado pela PGR.
Na noite de quinta-feira (1º), o ministro Alexandre de Moraes determinou que as mensagens apreendidas pela PF com os suspeitos de terem hackeado celulares de autoridades, como o ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, sejam encaminhadas ao tribunal em 48 horas. Assim, o caso dos hackers deve passar a estar também sob a alçada do Supremo.
A reação do STF se deu no mesmo dia em que mensagens publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, em parceria com o Intercept, revelaram que, em 2016, Deltan incentivou colegas a investigar o ministro Dias Toffoli, atualmente presidente do Supremo.
Conforme as mensagens noticiadas, Dallagnol buscou informações sobre as finanças pessoais de Toffoli e sua mulher, Roberta Rangel, e evidências que os ligassem a empreiteiras envolvidas com o esquema de corrupção na Petrobras. Ministros da Corte criticaram duramente a atuação de Dallagnol, que, na avaliação deles, passou a usar a operação de combate à corrupção como instrumento de intimidação.
Nesta sexta-feira, a Justiça Federal em Brasília, responsável pela investigação dos hackers, informou que o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal, determinou à PF que atenda o requerimento de Moraes e envie as mensagens apreendidas. O prazo de 48 horas, no entendimento da Justiça, deve se esgotar neste fim de semana.