Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2018
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, respondeu na quinta-feira (07) questionamento do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), sobre quem serão os alvos de inquérito que apura repasses de R$ 40 milhões da J&F, dona da Friboi, a políticos do MDB. Raquel afirmou que vai investigar nove pessoas, sendo seis senadores, dois ex-ministros e um ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).
O inquérito foi aberto no dia 16 de maio por ordem de Fachin, mas, um dia depois, ele entendeu que a PGR (Procuradoria-Geral da República) não tinha deixado claro quem seria efetivamente investigado. Em relação ao ex-deputado Henrique Eduardo Alves, citado inicialmente, Raquel pediu para que o caso seja remetido para a primeira instância porque é possível investigar em separado. Em relação a outros três senadores que haviam sido citados no pedido de abertura de inquérito – Romero Jucá, Edison Lobão e Roberto Requião – , ela afirmou que não há motivos suficientes neste momento para investigação.
“Quanto aos Senadores Romero Jucá, Edison Lobão e Roberto Requião, apesar de citados por Sérgio Machado, estes não integraram os dados de corroboração fornecidos por Ricardo Saud, os quais foram utilizados como base para iniciar as apurações, razão pela qual não devem, neste momento, integrar o rol de investigados”, disse a procuradora.
Delações
O inquérito é baseado nas delações de Sérgio Machado, ex-senador pelo MDB e ex-presidente da Transpetro, e de Ricardo Saud, ex-executivo da J&F. Nos depoimentos, Machado disse ter chegado ao conhecimento dele que a JBS, empresa do grupo J&F, faria doações à bancada do MDB do Senado em 2014 no valor de R$ 40 milhões, a pedido do PT.
Ainda de acordo com o delator, estariam entre os beneficiados com a doação os senadores Renan Calheiros (AL), Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (RR), Eunício Oliveira (CE), Vital do Rêgo (PB), hoje ministro do Tribunal de Contas da União, Eduardo Braga (AM), Edison Lobão (MA), Valdir Raupp (RO) e Roberto Requião (PR), “dentre outros”.
Ricardo Saud, por sua vez, afirmou – segundo a PGR – que houve pagamento de aproximadamente R$ 46 milhões a senadores do MDB, a pedido do PT. Segundo o delator, apesar de diversas doações terem sido realizadas de forma oficial, “tratava-se de vantagem indevida, uma vez que dirigentes do PT estariam comprando o apoio de peemedebistas para as eleições de 2014 como forma de assegurar a aliança entre os partidos”.
O delator afirmou ainda que o objetivo era “manter a unidade no PMDB, já que havia, à época, risco de ruptura, com a perspectiva de integrantes do partido passarem a apoiar formalmente a campanha de Aécio Neves à Presidência da República.”