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A reforma trabalhista não gerou empregos, segundo centrais sindicais

Manifestação no Rio. "Quem não tinha um emprego, hoje tem?”, questionam líderes sindicais. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

As mudanças na legislação trabalhista não se refletiram na geração de empregos no País e acabaram fragilizando o vínculo empregatício, disseram líderes sindicais que participaram na terça-feira (1º) de manifestação no Rio de Janeiro que marcou o Dia do Trabalho. O ato reuniu cerca de 200 pessoas, na Praça XV, no Centro da cidade, a maioria ligada a centrais sindicais, sindicatos e empresas estatais.

O presidente regional da CUT (Central Única dos Trabalhadores no RJ), Marcelo Rodrigues, declarou que a nova legislação trabalhista foi uma agressão e não criou empregos formais. “A informalidade e o subemprego estão disparando no Brasil, mesmo com essa reforma. O que fizeram foi acabar com o emprego e com os direitos trabalhistas e contratar qualquer um, a qualquer trocado. Essa reforma trabalhista foi um soco nos trabalhadores. Quem não tinha um emprego, hoje tem?”, questionou o líder sindical, conhecido como Marcelinho.

Segundo o presidente regional da CUT, a miséria aumentou muito no País nos últimos meses e tornou-se nitidamente visível nas ruas das cidades. “O crescimento da população de rua no Rio de Janeiro está a olhos vistos. Muitos deles têm casa, mas preferem dormir na rua, no Centro, porque não têm dinheiro para a passagem. Isso é reflexo do desemprego e do subemprego, de pessoas que ganham menos de um salário mínimo, o que hoje é permitido pela reforma”, apontou Marcelinho.

Petroleiros

O diagnóstico é semelhante ao do coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), José Maria Rangel, que não vê motivos de comemoração para os trabalhadores no 1º de Maio. “A reforma não trouxe nenhum benefício ao trabalhador. De 2003 a 2014, sem mexer na Lei Trabalhista, o País gerou 20 milhões de empregos. Foi vendido à população que modernizando [a legislação], o País ia gerar mais empregos. A gente quer saber onde? Os empregos que estão sendo gerados são na informalidade, sem direito a férias, 13º salário e licença maternidade. E mesmo assim, o número de demissões continua a superar o de admissões, e a renda do trabalhador caiu”, destacou o líder petroleiro.

José Maria criticou a política do governo para a Petrobras, que visa a corrigir os prejuízos acumulados pela empresa nos últimos anos dos governos Lula e Dilma, em grande parte por causa dos casos de corrupção investigados pela Operação Lava-Jato. “Quanto aos petroleiros, estamos vendo um desmonte de nossa empresa, a entrega ao capital internacional, a venda de refinarias e de terminais e uma política de preços que afeta diretamente o trabalhador. Era uma empresa pensada em desenvolver o Estado brasileiro e agora só quer dar retorno aos seus acionistas”, pontuou José Maria.

Governo

O governo rebate o pessimismo dos líderes sindicais e vê um aumento no nível do emprego ainda este ano, O ministro do Trabalho, Helton Yomura, disse hoje, em evento alusivo à data, também no Rio, que o País deve ter um saldo positivo de 2 milhões de postos de trabalho neste ano. Segundo os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), havia no Brasil, em março deste ano, 90,6 milhões de pessoas ocupadas e 13,7 milhões de desempregados.

“No primeiro trimestre deste ano, tivemos o Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho] positivo. Em janeiro, foram mais de 71 mil vagas; em fevereiro, mais 61 mil vagas e, em março, mais de 55 mil vagas. Foi o melhor janeiro dos últimos cinco anos e o melhor fevereiro dos últimos quatro. Estamos no rumo certo. Se a economia seguir a tendência de projeção do Banco Central e do Ministério da Fazenda, os empregos acompanharão a retomada dos investimentos”, destacou o ministro.

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