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Política A relação do Brasil com os Estados Unidos em 2025 deve se dar nos moldes do que aconteceu em 2024 na interação com a Argentina

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País continuará a discutir iniciativas propostas ou eventuais dificuldades em termos comerciais, diz o chanceler Mauro Vieira. (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

A relação do Brasil com os Estados Unidos em 2025 deve se dar nos moldes do que aconteceu em 2024 na interação com a Argentina. Para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o governo brasileiro seguirá defendendo seus interesses e dialogando, independentemente das evidentes divergências político-ideológicas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Javier Milei e Donald Trump – que assume no dia 20 de janeiro.

“É natural que cada país defenda os interesses nacionais e o Brasil continuará a manter essa posição e discutir todas as iniciativas propostas ou eventuais dificuldades que possam existir em termos comerciais”, disse o ministro ao jornal Valor. “Em vários aspectos, temos posições diferentes, o que não é novidade, porque já eram diferentes no atual governo (dos EUA)”, completou o chanceler.

Um dos exemplos citados é a revitalização do mecanismo de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC), defendido pelo Brasil e rechaçado pelos americanos.

Neste sentido, Vieira concorda que a relação com Trump deve se dar nos moldes do que aconteceu com Milei, ou seja, com frieza no trato político e pragmatismo nas questões econômicas. O ministro lembrou que os americanos têm um estoque de investimentos da ordem de US$ 150 bilhões no Brasil e que grupos empresariais brasileiros empregam milhares de pessoas nos Estados Unidos, por exemplo.

“Temos uma relação importantíssima em todas as áreas e tenho certeza que elas serão mantidas, até porque a relação é importante para os dois lados”, resumiu o chanceler brasileiro.

Além da relação com Trump, 2025 tem outras duas prioridades no front da política externa brasileira: a organização da COP 30 e a presidência dos Brics. Vieira avalia que a diplomacia ambiental do país tem o desafio costurar um acordo que garanta avanços concretos na conferência do clima, marcada para novembro, em Belém.

A expectativa é de que os países desenvolvidos se comprometam com metas mais ousadas de redução de emissões de gases do efeito estufa. O Brasil se antecipou e divulgou suas metas já durante a COP 29, mês passado, no Azerbaijão. Entre os ricos, apenas Reino Unido e Estados Unidos seguiram o mesmo caminho.

O chanceler também espera que seja mantido o compromisso de manter o aquecimento global até o limite de 1.5ºC até 2030 e, se possível, que os países ricos se comprometam com mais dinheiro para o financiamento climático. “O planeta está doente e isso é uma questão de sobrevivência para todos”, afirmou.

O lema da presidência brasileira será “Fortalecendo a cooperação do Sul Global para uma governança mais eficaz e sustentável”. Segundo o ministro, o Brasil vai propor o fortalecimento do comércio dentro do grupo – que chegará a dez membros em janeiro – e o aprofundamento das discussões sobre a governança da inteligência artificial. Planeja, ainda, abordar internamente o financiamento climático e desenvolver projetos setoriais, especialmente na área da saúde.

“O Brics hoje é quase um G20, se pensarmos na quantidade de reuniões e de assuntos que são tratados”, disse o ministro sobre a agenda do grupo de emergentes, que passará em janeiro a contar com a Indonésia como membro efetivo. Com ela, o Brics terá entre seus sócios sete países que também fazem parte do G20.

Ao lado da conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, a organização do G20 foi o grande destaque da política externa em 2024. No caso do G20, o trabalho agora é contribuir para que a presidência da África do Sul dê andamento às pautas acordadas na gestão brasileira, com destaque para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que deve encerrar o ano com 100 países signatários.

“O resultado final foi excelente e acima das nossas expectativas. Pela primeira vez em três anos, desde a Indonésia, conseguimos aprovar uma declaração final que não deixou de tocar em nenhum dos temas fundamentais para a governança global neste momento”, disse o chanceler brasileiro. “Claro que tudo sempre pode ser melhor, mas o mais importante foi voltar a ter uma declaração final”, completou.

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