Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Ali Klemt | 19 de janeiro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Esse ano não para de me surpreender. Mal começou e, toda semana, eu acho que acontece um daqueles fatos capazes de mudar o mundo. Ele continua girando, é verdade, mas ganhamos um pouquinho de esperança.
Como deixar de falar em Nikolas Ferreira? Esse “menino” de 28 anos – idade em que muitos por aí ainda acham que são adolescentes e vivem de superar ressaca enquanto moram na casa dos pais – já é pai, é o deputado federal mais votado do Brasil e, pasme, tem mais seguidores nas redes sociais do que o Presidente da república. Fato, aliás, resultante do vídeo que, esta semana, fez história. Este “menino” é um líder, um comunicador, um político. Tem muito futuro – desde que, claro, não seja perseguido, tornado inelegível, preso. Vai saber. Ninguém sabe até quando o Brasil resiste.
Se é que resiste, aliás. Maaaaaaas foi o Nikolas que, sem querer, nos mostrou que se não houver liberdade de expressão, se não houver um canal de comunicação, se não houver uma forma de mostrar a nossa opinião, estamos perdidos. E é isso que querem fazer conosco. E é por isso que, em um país como o nosso, sou veementemente contra qualquer tentativa de regular redes sociais. Porque, ao fim e ao cabo, tudo está na mão de quem decide o que é certo ou errado. Tudo depende de quem “aperta e botão”. E esse aspecto é absurdamente relevante.
Afinal, onde tem um ser humano, tem subjetividade. Tem paixão. Tem dúvida. Tem erro. E é exatamente por isso que não podemos confiar em nós mesmos. Porque somos seres emocionais, apesar de todo o esforço para fazer com que a razão protagonize. Acredite, isso não acontece. Somos imparciais até o momento em que algo “pisa no nosso calo”. Aí, amigos, vocês sabem: clicamos no link “sobrevivência”.
Compreender que somos humanos e seremos, portanto, sugestionáveis e parciais é um grande passo. Nos autoriza a buscar soluções para um dos maiores valores da sociedade: justiça.
Vejam. O fato de o vídeo do Nikolas ter quase 320 milhões de visualizações – vou repetir: TREZENTOS E VINTE MILHÕES – precisa nos ensinar alguma coisa. Repercutiu. Repercutiu muito. Repercutiu porque tocou em um ponto frágil da população: a confiança e a auto percepção de cada um que, possivelmente, se sentiu injustiçado (seja pelo regramento do PIX, seja pela própria fala do Nikolas). Todos queriam dar pitaco!). Em síntese, o assunto importava.
E importava por que? Porque atingia a todos. E, assim, começou o que os livros de história precisam chamar como A REVOLTA DO PIX.
Foi um momento histórico. Foi o momento em que um “menino” derrubou o status quo e fez com que se revogasse algo que sequer faria diferença. Apenas por força da opinião popular. “Apenas”? A voz do povo é que deve nortear o rumo de uma sociedade, já que, teoricamente, é quem detém o poder. Nikolas foi o herói que pegou para si a espada de Tandera, a arma justiceira que nos salvará de todo o mal, mas a verdade é que quem manda somos nós: a população. O cidadão que trabalha e paga imposto e vota com a certeza de estar fazendo a melhor escolha. O Nikolas foi o porta-voz, mas quem fez o levante fomos todos nós.
E se isso não é o bastante para que vocês, senhores, levem esse fato a sério…bem, lembrem-se que foram pessoas como eu e você que fizeram com que ele ultrapassasse o número de seguidores do próprio presidente. E, sim, isso importa. Isso diz, isso GRITA que precisamos ser ouvidos sempre, gostem ou não. Independentemente do partido. Independentemente da ideologia. Enquanto houver liberdade de expressão, há democrática. Há contraditório. Há conflito, mas para o bem. Para a evolução. Enquanto houver isso, estamos livres. Mas não nos tirem a possibilidade de opinar. Quando isso acabar…acabou.
Portanto, se eu tiver que dar um recado, e um recado apenas: reclamem, briguem, lutem para poder pensar o que bem entendem. E falar isso sem medo de ser preso, sem precisar clamar pela tal espada de Tandera – ou chame lá o instrumento da justiça como quiser. Isso não se faz necessário onde ela existe. Daí porque, no Brasil, parece que foi preciso invocá-la. Tempos sombrios exigem vigilância constante e voz ativa. Não é hora da nossa soneca.
(Instagram: @ali.klemt)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.