A Sema (Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura) do Rio Grande do Sul publicou nesta terça-feira (21) o primeiro relatório detalhando a estratégia regional de controle e monitoramento de EEI (Espécies Exóticas Invasoras). Conforme o órgão, o documento é resultado da troca de experiências entre órgãos ambientais estaduais e federais, além de universidades e do setor privado dos três Estados da Região Sul.
Os dados começaram a ser registrados em dezembro do ano passado, quando o auditório da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, sediou o primeiro Seminário Regional de Espécies Exóticas e Invasoras, com a participação de especialistas e pesquisadores. Durante o evento, foram apresentadas e identificadas as ações de cada governo estadual com essa finalidade.
Dentre as principais ações previstas pelo grupo de trabalho estão a criação de um banco regional de informações sobre exóticas invasoras em toda a Região Sul, elaboração de um protocolo para orientar decisões sobre licenciamento ambiental e criação de um fórum de discussão e de iniciativas conjuntas de controle e monitoramento.
“Esperamos consolidar cada vez mais esse trabalho conjunto. Já compilamos bons resultados neste primeiro encontro e, com certeza, os próximos passos serão ainda melhores”, ressalta o coordenador do programa, Dennis Patrocínio. “Compreendendo a realidade dos outros Estados, estamos participando e conhecendo desafios, para podermos pensar juntos e prosseguir com ações efetivas para o embate das espécies exóticas invasoras em toda essa área do País.”
As iniciativas e propostas foram compiladas pela equipe do programa “Invasoras RS”, do Departamento de Biodiversidade da Sema e podem ser conferidas na página da Secretaria no site oficial www.estado.rs.gov.br.
Novas reuniões devem ocorrer em Santa Catarina e no Paraná, a fim de dar prosseguimento aos itens previstos no relatório. Devido às medidas de prevenção e combate ao coronavírus, porém, ainda não há uma data prevista para que isso aconteça – o que não impede, garante o coordenador, que durante este período a equipe do programa continue empenhada em dar continuidade às pesquisas.
Ameaça
Espécies exóticas invasoras são organismos que ocorrem fora da sua área de distribuição natural. Muitas destas espécies são trazidas pelos humanos, de forma intencional ou não. Quando estabelecidas, ou seja, se há reprodução no novo ambiente e expansão de sua área de distribuição, podem ser motivo de problemas econômicos, ecológicos e até mesmo riscos à saúde.
Sem predadores naturais as populações dessas espécies tendem a se proliferar e, assim, acabam por competir por recursos, direta ou indiretamente, com as espécies nativas. Esse processo (invasão biológica) tende a causar perdas de biodiversidade e é considerado um dos maiores desafios ambientais que o mundo enfrenta atualmente.
Pela sua capacidade em eliminar as espécies nativas, diretamente ou pela competição por recursos, as exóticas invasoras podem transformar a estrutura e a composição dos ecossistemas locais. Por esse motivo, estão entre as principais causas diretas de perda de biodiversidade e extinção de espécies.
No Rio Grande do Sul, um dos exemplos é o javali, que traz prejuízos à agropecuária e tem a sua caça – para fins de controle – autorizada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
(Marcello Campos)